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TARIFAÇO

Haddad diz que Brasil não retaliará EUA após tarifa de 50%: 'Não pagaremos na mesma moeda'

Ministro da Fazenda afirma que empresas e cidadãos americanos serão tratados com dignidade e critica medida adotada por Trump

21 julho 2025 - 15h25
Fernando Haddad e Gabriel Galípolo durante reunião do Brics
Fernando Haddad e Gabriel Galípolo durante reunião do Brics - Divulgação / Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 21, que o governo brasileiro não adotará qualquer medida de retaliação contra os Estados Unidos após a decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em entrevista à Rádio CBN, Haddad reforçou que empresas e cidadãos americanos continuarão sendo tratados com respeito e dignidade.

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“Empresas e cidadãos americanos serão tratados com dignidade, não pagaremos na mesma moeda”, declarou o ministro, afastando a possibilidade de medidas de retaliação comercial ou sanções unilaterais contra indivíduos ou companhias dos EUA.

A fala ocorre em meio ao aumento da tensão diplomática e econômica entre os dois países, após o anúncio das novas tarifas, que vêm sendo interpretadas como uma resposta política de Trump ao avanço das investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Governo descarta medidas econômicas como retaliação

Ainda no fim da semana passada, Haddad já havia informado ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o governo não pretende adotar medidas restritivas sobre remessas de dividendos ao exterior — uma possibilidade ventilada internamente como forma de pressionar empresas americanas.

Segundo o ministro, essas especulações não têm fundamento e não refletem a estratégia diplomática do governo Lula. “Vamos manter a responsabilidade e a racionalidade”, afirmou Haddad, ao destacar que o momento exige cautela, sobretudo diante de um cenário global já marcado por incertezas.

Trump mira Brics e acusa bloco de ameaçar o dólar

A tensão aumentou ainda mais após Donald Trump declarar que poderá taxar em 10% os países-membros do Brics, acusando o bloco de tentar enfraquecer a dominância do dólar no comércio internacional. O Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — tem defendido o uso de moedas locais nas transações bilaterais e buscado ampliar sua independência frente ao sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos.

Ao comentar o tema, Fernando Haddad destacou que o Brasil não representa qualquer risco econômico aos EUA dentro do bloco. “Dentro dos Brics, o Brasil está longe de ser problema econômico para os Estados Unidos”, ressaltou, indicando que a medida de Trump seria mais política do que técnica.

Crítica à tarifa de 50%

O ministro também voltou a criticar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, classificando a decisão como “muito difícil de compreender”, sobretudo diante da balança comercial entre os dois países. “Os Estados Unidos têm tido superávit constante nas relações comerciais com o Brasil. Não há desequilíbrio que justifique essa medida”, afirmou Haddad.

De fato, o fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos tem sido tradicionalmente favorável aos americanos em setores como tecnologia, equipamentos industriais e serviços financeiros. A decisão de Trump, portanto, levanta dúvidas sobre motivações eleitorais e geopolíticas, já que ele é pré-candidato à reeleição e tem utilizado temas comerciais para reforçar sua base política.

Reação cautelosa do governo brasileiro

A postura adotada por Haddad reflete a estratégia do governo Lula de buscar diálogo, evitando escaladas desnecessárias com os Estados Unidos, apesar da pressão crescente de setores políticos e empresariais no Brasil por uma reação mais firme.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto avalia que a resposta brasileira precisa manter o foco na estabilidade econômica e no comércio internacional, sem comprometer relações de longo prazo com um dos principais parceiros comerciais do país.

O Brasil também aposta na via diplomática, incluindo conversas bilaterais e atuação em fóruns internacionais, para tentar reverter ou suavizar a imposição das tarifas. A expectativa é que organizações como a OMC (Organização Mundial do Comércio) possam ser acionadas, caso a medida americana venha a ser considerada arbitrária.

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