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NEGÓCIOS GLOBAIS

MS mira Oriente Médio para expandir exportações

Estado aposta no agronegócio e na celulose para atrair investimentos e acessar mercado de 2 bilhões de consumidores

16 setembro 2025 - 14h40Redação
MS aposta em agro e celulose para atrair investimentos árabes e acessar mercado de 2 bilhões de consumidores.
MS aposta em agro e celulose para atrair investimentos árabes e acessar mercado de 2 bilhões de consumidores. - Foto: Divulgação

Mato Grosso do Sul tem acelerado sua estratégia de internacionalização e coloca o Oriente Médio como destino prioritário de suas exportações. Em entrevista concedida nesta terça-feira (16) ao programa Giro Estadual de Notícias, transmitido pelo Grupo Feitosa de Comunicação e pelas redes sociais do Jornal A Crítica, o presidente do LIDE Emirados, Rodrigo Paiva, afirmou que os Emirados Árabes Unidos são a porta de entrada para uma região que concentra cerca de 2 bilhões de consumidores.

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“O futuro dos negócios passa pelo mundo árabe. Se o Brasil quer se internacionalizar, precisa olhar para esse mercado como prioridade”, disse Paiva. Segundo ele, os fundos soberanos da região somam mais de US$ 2 trilhões, mas o comércio bilateral com o Brasil ainda gira em torno de US$ 5 bilhões. “O agronegócio pode mudar esse cenário.”

Fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS): símbolo do avanço da celulose como carro-chefe das exportações sul-mato-grossenses ao Oriente Médio.

Os produtos com maior potencial de expansão são soja, açúcar e carnes, além da celulose, que já consolidou Mato Grosso do Sul como maior exportador nacional. Em 2024, o estado enviou pouco mais de US$ 200 milhões em produtos aos Emirados, o dobro do registrado no ano anterior, com destaque para celulose (US$ 81,8 milhões), carne bovina (US$ 56,9 milhões), açúcar (US$ 23,9 milhões) e frango (US$ 14,4 milhões).

A força do setor ficou evidente em 2025, quando a safra de soja alcançou 12,5 milhões de toneladas, crescimento de 12,9% sobre o ciclo anterior. Já a carne bovina registrou aumento de 43,7% nas exportações, mesmo diante das barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos. O parque sucroenergético e o rebanho bovino do estado também reforçam a posição estratégica para atender à demanda árabe por proteína halal e açúcar refinado.

Colheita mecanizada de eucalipto: base florestal que sustenta o crescimento da indústria de celulose em Mato Grosso do Sul.

Outro trunfo é a celulose. Três Lagoas, no leste de MS, ganhou o apelido de “Capital Mundial da Celulose” ao sediar duas das maiores fábricas do setor, operadas por Suzano e Eldorado. O estado responde por quase um terço das exportações brasileiras do produto, atraindo o interesse de fundos árabes que buscam diversificação em ativos industriais.

Além do comércio, Paiva enfatizou a atração de investimentos. “Nosso trabalho é colocar o empresário frente a frente com tomadores de decisão. Essa conexão gera negócios concretos. Só nos últimos 18 meses fomentamos mais de R$ 1 bilhão em novos contratos.”

Aurélio Rocha, presidente do LIDE MS e diretor de Relações Internacionais da Fiems, destacou que a diversificação é essencial, já que 46,7% das exportações sul-mato-grossenses ainda dependem da China. Para 2026, está prevista uma missão empresarial aos Emirados em parceria com Sebrae e Fiems, com subsídio de 50% para micro e pequenos empresários. “O mundo árabe tem alto poder de consumo e está disposto a comprar”, afirmou Rocha.

Os Emirados Árabes oferecem infraestrutura favorável à internacionalização: Dubai conta com mais de 30 zonas francas, onde empresas estrangeiras podem deter 100% do capital sem sócio local, além de acordos de livre comércio com mais de 20 países. Essa estrutura permite que empresas sul-mato-grossenses operem de Dubai e exportem com tarifa zero para mercados do Oriente Médio, África e Ásia.

O Brasil já ocupa posição relevante na balança comercial com países árabes. Em 2023, as exportações brasileiras atingiram US$ 19,3 bilhões, alta de 9,2% sobre o ano anterior, com superávit de US$ 8,67 bilhões. Só em alimentos, o país enviou US$ 23,4 bilhões à Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) em 2022, consolidando-se como principal fornecedor de gêneros alimentícios para a região.

Integração entre floresta plantada e indústria: Três Lagoas concentra dois dos maiores complexos de celulose do mundo.

Para Paiva, o momento é estratégico. “O futuro dos negócios passa pelo mundo árabe. O Brasil, e em especial Mato Grosso do Sul, precisam se inserir nesse diálogo com visão de longo prazo.”

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