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REDES SOCIAIS

Meta abandona checagem de fake news e aposta em 'notas da comunidade' para moderação de conteúdo

Decisão anunciada por Mark Zuckerberg levanta debates sobre liberdade de expressão e risco de desinformação nas redes sociais

7 janeiro 2025 - 15h50Mariana Cury e Bruno Romani
Meta encerra checagem independente de fake news no Facebook e Instagram, adotando sistema de
Meta encerra checagem independente de fake news no Facebook e Instagram, adotando sistema de - (Foto: Reprodução)

Nesta terça-feira (07 de janeiro de 2025, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou uma mudança significativa na forma como o Facebook e o Instagram irão lidar com fake news. A empresa deixará de utilizar agências independentes para checagem de fatos e, no lugar, adotará um sistema chamado "notas da comunidade", no qual os próprios usuários poderão adicionar comentários avaliando a veracidade do conteúdo compartilhado.

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O que muda com as 'notas da comunidade'? No modelo anterior, conteúdos duvidosos eram verificados por agências independentes. Se identificada alguma inconsistência, esses posts recebiam alertas de desinformação e, em alguns casos, tinham seu alcance reduzido. Agora, a Meta seguirá uma abordagem inspirada no modelo do X (antigo Twitter), onde os próprios usuários farão comentários para esclarecer ou contestar informações.

Durante o anúncio, Zuckerberg declarou que os moderadores profissionais de conteúdo eram "politicamente tendenciosos" e que a empresa precisava "voltar às raízes da liberdade de expressão".

Críticas à decisão - O fim da checagem independente causou reação imediata de ativistas e especialistas. Ava Lee, representante do grupo Global Witness, criticou a decisão:

"Essa mudança não é apenas preocupante, é perigosa. Ela abre espaço para que fake news se espalhem sem controle."

Outros críticos acreditam que a decisão tem um contexto político, já que Donald Trump assumirá a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20 de janeiro. A aproximação de Zuckerberg com Trump é vista como uma estratégia para evitar possíveis regulamentações mais rígidas nos Estados Unidos.

Impacto no Brasil e no mundo - A mudança também gerou reações no Brasil. O Secretário de Políticas Digitais do Governo Federal, João Brant, alertou que, com essa decisão, parte dos filtros automáticos que identificavam violações de políticas, especialmente relacionadas a discursos de ódio e temas sensíveis como gênero e imigração, serão desativados.

Além disso, Zuckerberg fez referência indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF), criticando o que chamou de "tribunais secretos" na América Latina, que poderiam ordenar a remoção de conteúdos sem transparência.

Liberdade de expressão ou terra sem lei? Para defensores da liberdade de expressão irrestrita, a decisão da Meta pode representar um avanço, ao reduzir a interferência de agentes externos no conteúdo compartilhado. No entanto, especialistas alertam que a ausência de moderação eficaz pode transformar as redes sociais em um ambiente ainda mais propício para a disseminação de desinformação.

E agora? As mudanças entrarão em vigor gradualmente nos próximos meses, e o impacto real só será percebido com o tempo. Enquanto isso, o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade digital continua mais vivo do que nunca.

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