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RELAÇÕES EXTERIORES

Mauro Vieira rebate Trump e diz que Brasil não discrimina EUA em tarifas comerciais

Segundo chanceler, tarifa média aplicada aos produtos americanos é de 2,7%, inferior à dos EUA; ministro reforçou disposição ao diálogo

26 agosto 2025 - 18h20Francisco Carlos de Assis
Chanceler Mauro Vieira rebateu declarações de Donald Trump e afirmou que Brasil cumpre regras da OMC no comércio com os EUA.
Chanceler Mauro Vieira rebateu declarações de Donald Trump e afirmou que Brasil cumpre regras da OMC no comércio com os EUA. - Lula Marques/Agência Brasil
Terça da Carne

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, contestou nesta terça-feira (26) as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo as quais o Brasil seria “a nação mais favorecida” em tarifas comerciais. Em evento organizado pela Fiesp e pelo Council of the Americas, em São Paulo, o chanceler destacou que os números apresentados por Trump “não procedem” e que o Brasil cumpre integralmente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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De acordo com Vieira, enquanto o Brasil mantém uma tarifa média efetiva de 2,7% sobre produtos norte-americanos, os EUA aplicam 3,3% sobre as exportações brasileiras. Oito dos principais produtos exportados pelos EUA para o Brasil entram com tarifa zero, o que representa 74% de todas as exportações americanas ao país. Não existe tratamento discriminatório, afirmou.

OMC e acordos comerciais

O ministro reforçou que todas as tarifas brasileiras respeitam o princípio da nação mais favorecida da OMC, que impede diferenciação por país. As únicas exceções, segundo ele, são acordos de livre comércio já vigentes, como os firmados com México, Índia e países da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).

Esses acordos estão em linha com as regras da OMC e funcionam de maneira similar ao tratamento que os EUA dão às exportações do México e do Canadá no âmbito do USMCA”, disse, em referência ao acordo regional entre Estados Unidos, México e Canadá.

Tentativas de diálogo com os EUA

Vieira relatou que, desde o início do governo Lula, o Brasil tem buscado esclarecer as informações a autoridades americanas em diferentes instâncias. Segundo ele, houve contatos diretos com o USTR (United States Trade Representative) em março e abril, além de reuniões entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA.

No campo técnico, o ministro destacou a realização de seis reuniões virtuais e uma presencial em Washington, além do envio de uma proposta formal de negociação em 6 de maio. Essa proposta jamais foi respondida. Ao contrário, no dia 9 de julho, o presidente Trump divulgou em suas redes sociais uma carta com dados inverídicos sobre o comércio bilateral, disse Vieira.

Comércio estratégico e críticas às alegações americanas

O chanceler ressaltou que, apesar das dificuldades, o Brasil segue disposto ao diálogo e que os dados demonstram claramente a inconsistência das alegações americanas. “Não faltou determinação para o diálogo por parte do Brasil. As acusações de desequilíbrio ou tratamento injusto não se sustentam diante da realidade”, concluiu.

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