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RELAÇÕES EXTERIORES

Lula diz que não pode falar tudo que pensa sobre EUA, mas cobra postura igual com Bolívia

Presidente afirma que governo deve agir com cautela diante das tarifas americanas e defende política externa equilibrada

3 agosto 2025 - 15h15Wilian Miron e Cícero Cotrim
Lula evita confronto direto com EUA sobre tarifas e defende igualdade diplomática com países como Bolívia.
Lula evita confronto direto com EUA sobre tarifas e defende igualdade diplomática com países como Bolívia. - Ricardo Stuckert / Presidência da Republica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3), durante o 17º Encontro Nacional do PT, que há limites diplomáticos na forma como o Brasil pode reagir à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos nacionais. Embora tenha sinalizado insatisfação com a medida, Lula disse que, como chefe de Estado, precisa equilibrar suas declarações com o que é viável no campo diplomático.

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“Não posso falar tudo que acho que devo, tenho que falar aquilo que é possível, o que é necessário”, declarou, sinalizando a preocupação em manter o diálogo aberto com o governo norte-americano, mesmo diante de uma medida considerada hostil.

Postura igual com todos os países

Apesar da contenção, o presidente foi enfático ao dizer que o Brasil deve adotar uma política externa baseada em respeito e igualdade, independentemente do tamanho ou influência do país com quem se dialoga.

“Não posso falar fino com os Estados Unidos e grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa é que é a lógica da política”, disse, em uma crítica indireta à ideia de submissão diplomática.

Abertura de novos mercados

Lula também destacou os avanços do Brasil no comércio exterior desde o início de seu mandato. Segundo ele, 398 novos mercados foram abertos para produtos brasileiros desde o retorno do governo petista ao Palácio do Planalto.

“Nossa volta à Presidência desse País foi como se a gente tivesse aberto um portão grande, onde todo mundo quer conversar com o Brasil”, declarou, enfatizando o interesse crescente de países e organismos internacionais em estreitar laços com o Brasil.

Tensão com os Estados Unidos

A fala de Lula ocorre em um momento de tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos, após o governo de Donald Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 6 de agosto. A medida foi influenciada por articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que defende a atuação de Trump como forma de pressionar o Judiciário brasileiro, especialmente o ministro Alexandre de Moraes.

O governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa diante da ofensiva americana, tentando manter canais de negociação abertos sem escalar o conflito.

Equilíbrio diplomático como estratégia

As declarações de Lula reforçam a linha histórica de sua política externa: autonomia, multilateralismo e respeito entre nações. Ao defender tratamento igualitário entre potências e países vizinhos, o presidente retoma um discurso já conhecido em suas gestões anteriores, mas agora em um cenário internacional mais polarizado.

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