
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3), durante o 17º Encontro Nacional do PT, que há limites diplomáticos na forma como o Brasil pode reagir à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos nacionais. Embora tenha sinalizado insatisfação com a medida, Lula disse que, como chefe de Estado, precisa equilibrar suas declarações com o que é viável no campo diplomático.

“Não posso falar tudo que acho que devo, tenho que falar aquilo que é possível, o que é necessário”, declarou, sinalizando a preocupação em manter o diálogo aberto com o governo norte-americano, mesmo diante de uma medida considerada hostil.
Postura igual com todos os países
Apesar da contenção, o presidente foi enfático ao dizer que o Brasil deve adotar uma política externa baseada em respeito e igualdade, independentemente do tamanho ou influência do país com quem se dialoga.
“Não posso falar fino com os Estados Unidos e grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa é que é a lógica da política”, disse, em uma crítica indireta à ideia de submissão diplomática.
Abertura de novos mercados
Lula também destacou os avanços do Brasil no comércio exterior desde o início de seu mandato. Segundo ele, 398 novos mercados foram abertos para produtos brasileiros desde o retorno do governo petista ao Palácio do Planalto.
“Nossa volta à Presidência desse País foi como se a gente tivesse aberto um portão grande, onde todo mundo quer conversar com o Brasil”, declarou, enfatizando o interesse crescente de países e organismos internacionais em estreitar laços com o Brasil.
Tensão com os Estados Unidos
A fala de Lula ocorre em um momento de tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos, após o governo de Donald Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 6 de agosto. A medida foi influenciada por articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que defende a atuação de Trump como forma de pressionar o Judiciário brasileiro, especialmente o ministro Alexandre de Moraes.
O governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa diante da ofensiva americana, tentando manter canais de negociação abertos sem escalar o conflito.
Equilíbrio diplomático como estratégia
As declarações de Lula reforçam a linha histórica de sua política externa: autonomia, multilateralismo e respeito entre nações. Ao defender tratamento igualitário entre potências e países vizinhos, o presidente retoma um discurso já conhecido em suas gestões anteriores, mas agora em um cenário internacional mais polarizado.
