
Durante a cerimônia que marcou o início da produção de veículos elétricos da General Motors (GM) no município de Horizonte, no Ceará, nesta quarta-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o fortalecimento do consumo interno como estratégia central para alavancar o crescimento da economia brasileira. Em tom crítico, Lula destacou a queda acentuada na produção nacional de automóveis e afirmou que a recuperação passa pela valorização do mercado interno.
“O Brasil tem um mercado interno muito grande e o que precisamos é produzir carro para vender para o povo brasileiro. E o excesso a gente exporta. Mas primeiro temos que garantir que o povo brasileiro tenha o direito de andar em um carro bonito”, afirmou o presidente, diante de executivos da indústria automobilística e autoridades locais.
Crítica ao retrocesso na indústria automobilística - Lula relembrou os números de seu segundo mandato, quando o país chegou a produzir 3,6 milhões de veículos por ano. Segundo ele, a expectativa da indústria era atingir a marca de 6 milhões de unidades em 2015, mas o cenário atual está distante dessa meta.
“Quando voltei à Presidência, a indústria só produzia 1,6 milhão de carros. É de se perguntar o que aconteceu nesse país que as coisas não andaram”, disse, apontando para um retrocesso no setor nos últimos anos.
Em seu discurso, o presidente reforçou a ideia de que a economia só funciona quando há distribuição de renda. “Muito dinheiro na mão de poucos é pobreza. Pouco dinheiro na mão de muitos é riqueza. O dinheiro tem que circular na mão do povo, não só de uma pessoa”, declarou.
Lula citou políticas públicas adotadas em seu terceiro mandato, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o programa Gás do Povo, como exemplos de medidas que ampliam o poder de compra da população e ajudam a movimentar a economia.
Energia mais justa e acesso universal - O presidente também comentou a reforma do setor elétrico e destacou a importância de garantir acesso justo à energia. “Não quero prejudicar nenhum empresário, mas quero que o povo tenha o mesmo direito. A energia precisa ser justa para todo mundo”, afirmou, referindo-se à isenção de tarifas para a população mais vulnerável e à abertura do mercado livre de energia a todos os consumidores.
Lula fez elogios ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Segundo o presidente, Alckmin trouxe “experiência” à gestão federal e tem papel importante na interlocução com o setor produtivo.
“Ele dá dignidade a todos os empresários que buscam o governo para fazer investimentos”, afirmou.
O chefe do Executivo também celebrou o anúncio feito pelo TikTok, que investirá até R$ 200 bilhões no Brasil nos próximos anos, com a instalação de um datacenter no Ceará. O anúncio foi feito horas antes do evento com a GM, durante compromisso em Fortaleza.

