
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (18), que mantém uma pressão constante sobre o governo dos Estados Unidos para a retirada das sobretaxas aplicadas a produtos brasileiros. Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, Lula detalhou sua estratégia diplomática direta com Donald Trump, comparando o zelo pela economia nacional ao ditado popular: "quem engorda o porco é o olho do dono".
O diferencial da postura presidencial é o equilíbrio entre o reconhecimento da soberania americana e a contestação dos argumentos técnicos usados para as taxas. Segundo Lula, embora os EUA tenham o direito de proteger sua indústria, os motivos alegados para o "tarifaço" contra o Brasil não seriam verdadeiros, ponto que, segundo ele, o próprio governo americano já começou a reconhecer.
Monitoramento quinzenal - Para garantir que o tema não esfrie na agenda de Washington, Lula revelou que adotou um cronograma rígido de cobranças:
- Mensagens diretas: O presidente envia comunicações pessoais a Trump a cada 15 dias para cobrar avanços.
- Comitê de Crise: Um grupo formado pelos ministros Mauro Vieira (Itamaraty), Fernando Haddad (Fazenda) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) atua na linha de frente das negociações técnicas.
- Objetivo: Demonstrar que o interesse brasileiro é permanente e que o país não aceitará o esquecimento da pauta.
A "Lei da Reciprocidade" - Pela primeira vez de forma mais enfática, o presidente mencionou a possibilidade de o Brasil adotar medidas de retaliação comercial. Caso as negociações não avancem, o governo pode aplicar a Lei da Reciprocidade, taxando produtos americanos na mesma proporção em que os brasileiros são onerados.
"Se chegar o momento e a gente entende que não vai ter solução, nós poderemos colocar em prática a Reciprocidade, que eu não tenho interesse", ponderou Lula. O presidente reforçou que sua prioridade é manter uma relação "civilizada" e evitar uma guerra comercial que prejudique ambos os mercados, mas sinalizou que a paciência do governo tem limites estratégicos.

