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INDÚSTRIA

Longen defende conversa firme para proteger indústria de MS

Presidente da Fiems aposta no diálogo como resposta estratégica à taxação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos

9 julho 2025 - 21h20Da Redação
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiems), Sérgio Longen
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiems), Sérgio Longen - (Foto: Divulgação)

O anúncio feito nesta quarta-feira, 9 de julho, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de agosto movimentou o setor produtivo brasileiro. Em Mato Grosso do Sul, onde os Estados Unidos ocupam posição de destaque entre os principais destinos de exportações, a medida provocou reações imediatas. À frente da Federação das Indústrias do Estado (Fiems), Sérgio Longen adotou um tom firme, mas equilibrado, ao destacar a importância do diálogo como instrumento para preservar a competitividade da indústria nacional.

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“Temos defendido a competitividade da indústria brasileira. Sobretaxar neste momento é algo difícil, é inaceitável nesses padrões. Entendemos que o presidente americano vem utilizando dessa estratégia com diversos países e chegou a vez do mercado brasileiro”, afirmou Longen, que tem atuado em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para garantir que o Brasil busque uma resposta ponderada e construtiva.

Setor industrial acompanha com atenção - Mato Grosso do Sul exportou, entre janeiro e junho de 2025, US$ 315,9 milhões para o mercado norte-americano — um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. Produtos como carne bovina, celulose e ferro fundido respondem por mais de 80% das exportações do estado aos EUA e devem ser diretamente atingidos pela nova tarifa.

“Temos aí cerca de 320 milhões de dólares já exportados neste ano. Esses três segmentos serão diretamente impactados pela tarifa”, alertou Longen. Ainda assim, ele reforçou a confiança de que uma abordagem diplomática pode resultar em melhores resultados para todos os envolvidos. “Não adianta de nada iniciarmos uma guerra tarifária. Precisamos propor, sentar à mesa e buscar uma solução democrática.”

Conexões institucionais fortalecidas - Longen também conversou com o presidente da CNI, Ricardo Alban, em busca de uma articulação nacional diante do cenário. A ideia é que o setor produtivo mantenha sua voz ativa nas discussões e contribua com dados e análises que ajudem a construir uma resposta técnica, madura e com visão de futuro. “Essa é uma questão que envolve os dois países e os dois precisam sentar à mesa para discutir os impactos dessa medida com seriedade. Mas defendemos que esse não seja um critério utilizado para interromper o crescimento da indústria em 2026”, disse Longen.

O tom conciliador adotado pelo presidente da Fiems tem sido visto como um esforço para manter pontes abertas com o governo federal e com o setor internacional, reforçando o papel estratégico da indústria sul-mato-grossense nas relações comerciais do Brasil.

Impactos políticos e econômicos - No documento enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump associou a nova tarifa à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF), além de medidas judiciais contra apoiadores dele que residem nos EUA. A motivação política da decisão ainda gera controvérsia, e analistas apontam que, mesmo com esse pano de fundo, trata-se de uma tática já conhecida do ex-presidente americano em negociações comerciais.

A expectativa agora é que o governo brasileiro acione os canais diplomáticos para tratar do tema com o governo dos EUA. O Itamaraty ainda não divulgou nota oficial, mas há expectativa de tratativas junto ao Departamento de Estado norte-americano nos próximos dias.

Visão de futuro - Mesmo com o cenário desafiador, lideranças do setor apostam na força do diálogo e na maturidade institucional para superar as turbulências. A postura adotada pela Fiems demonstra preocupação com os impactos no curto prazo, mas também reafirma o compromisso da entidade com a defesa dos interesses da indústria e a busca por soluções equilibradas.

Longen tem reforçado que a prioridade é manter o crescimento da produção industrial sem rupturas. A estratégia, segundo ele, é agir com firmeza, mas sem fechar portas. “Precisamos estimular o diálogo, que é a única forma de chegarmos a um consenso.”

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