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26 de novembro de 2025 - 18h01
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ENERGIA

Nova lei do setor elétrico põe em dúvida cronograma do primeiro leilão de baterias

Especialistas apontam conflito entre marco regulatório sancionado e diretrizes em debate no Ministério de Minas e Energia

26 novembro 2025 - 17h20Luciana Collet
Leilão de baterias previsto para 2026 pode ser afetado por novas regras do marco regulatório do setor elétrico
Leilão de baterias previsto para 2026 pode ser afetado por novas regras do marco regulatório do setor elétrico - Foto: Reprodução
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A sanção da Lei nº 15.269, que atualiza o marco regulatório do setor elétrico com regras específicas para sistemas de armazenamento de energia, trouxe incertezas quanto à viabilidade de manter o leilão de baterias previsto para abril de 2026. O certame, considerado estratégico para o avanço da transição energética no Brasil, pode sofrer ajustes ou atrasos caso as novas diretrizes legais não se alinhem com as propostas em debate no Ministério de Minas e Energia (MME).

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Publicada na terça-feira (25), a nova lei define que os custos com baterias e outras soluções de armazenamento serão compartilhados apenas entre os geradores de energia, além de estabelecer diretrizes para a instalação e operação desses sistemas. Apesar de não alterar o texto já aprovado no Congresso, a legislação sancionada pode exigir revisão da portaria do MME que orienta a sistemática do leilão de armazenamento — cuja consulta pública termina em 1º de dezembro.

“Será necessário avaliar se a nova lei altera os parâmetros da portaria vigente. Isso pode exigir sua reedição, o que comprometeria o cronograma atual”, explica o advogado Felipe Furcolin, especialista no setor elétrico.

Riscos ao cronograma e lacunas regulatórias - Desde que o cronograma do leilão foi proposto, já havia preocupação quanto à viabilidade de sua execução em abril de 2026, devido à complexidade dos trâmites legais e técnicos, incluindo consulta pública, elaboração e publicação do edital e tempo necessário para implantação dos projetos.

A nova legislação, embora avance na definição de competências institucionais e traga benefícios como a suspensão de PIS/Cofins e tratamento diferenciado na importação de equipamentos, ainda deixa pontos cruciais em aberto. Um deles é a regulação final pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que segue em debate entre os diretores da autarquia, com pedidos de vista atrasando o processo.

“Avançamos com o marco legal, mas a ausência de uma definição clara sobre a tarifa de transmissão para sistemas de baterias autônomos pode travar o setor”, avalia Furcolin.

A discussão atual gira em torno da possível dupla cobrança da tarifa de uso do sistema de transmissão (TUST) — tanto na entrada quanto na saída de energia das baterias. Especialistas alertam que esse modelo de tarifação pode inviabilizar a viabilidade econômica dos projetos, reduzindo o interesse do mercado.

Para superar essa barreira, Furcolin defende a criação de um novo modelo tarifário específico para armazenamento. “A estrutura atual não contempla as peculiaridades desse tipo de ativo. Mas rever isso leva tempo e pode afetar o calendário do leilão.”

Bonificação locacional pode ser alternativa - Durante o mesmo evento realizado pela Hitachi em São Paulo, o diretor técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Daniel Tavares, destacou uma proposta já em análise pelo MME: o uso de bonificação locacional como estímulo. O modelo prevê um prêmio de 10% para quem instalar baterias em áreas da rede elétrica que apresentem fragilidades, conforme mapeamento técnico.

Essa sinalização de localização (sinal locacional) serviria como incentivo à implementação estratégica das baterias, favorecendo regiões onde o armazenamento pode gerar maior impacto positivo na confiabilidade do sistema.

Enquanto isso, o setor segue em compasso de espera por definições regulatórias mais claras e ajustes técnicos que permitam compatibilizar a nova lei com o modelo do leilão proposto. Até lá, o cronograma de abril de 2026 permanece sob risco.

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