
O economista vencedor do Nobel, Paul Krugman, fez um alerta contundente sobre a situação política e econômica dos Estados Unidos, em artigo publicado nesta segunda-feira, 4. Krugman chamou a atenção para um "cenário extremamente perigoso", citando o enfraquecimento da economia e a queda na aprovação do presidente Donald Trump, que, segundo o economista, pode adotar medidas rápidas e autoritárias para manter o poder.

De acordo com Krugman, o movimento "Faça a América Grande de Novo" (MAGA), liderado por Trump, "não tem o luxo do tempo" e, diante da queda de popularidade, precisará agir de forma "rápida e descarada" para garantir a permanência no poder. O economista se baseou nos últimos dados do mercado de trabalho dos EUA, que, segundo ele, revelam a fragilidade da economia sob a administração republicana.
Efeitos das políticas de Trump sobre a economia
O relatório de empregos divulgado na última sexta-feira, 1º de agosto, trouxe à tona os desafios da economia americana, com números que expõem as dificuldades em termos de crescimento e empregabilidade. Krugman apontou que, ao reagir aos dados, Trump demitiu a chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS), o que, segundo ele, reflete o desespero do presidente frente a um cenário econômico desfavorável.
Krugman também antecipou uma alta nos preços nos próximos meses, devido às políticas econômicas de Trump, como tarifas comerciais e deportações. Segundo o economista, as empresas, que anteriormente evitavam repassar os custos ao consumidor, agora se preparam para aumentar os preços, o que deve pressionar ainda mais a inflação.
Manipulação de dados e riscos à confiança pública
O economista ainda sugeriu que Trump poderia tentar manipular os dados oficiais para passar uma imagem positiva da economia, mas alertou que, mesmo que os números mostrem "ótimos resultados", a população não acreditará na veracidade das informações. Ele afirmou que, ao herdar uma economia com baixo desemprego e inflação controlada, Trump agora enfrenta um cenário de mercado de trabalho enfraquecido e inflação iminente, sem ter a quem culpar, a não ser a si mesmo.
Ameaças à democracia americana
O artigo de Krugman também se voltou para os riscos reais à democracia nos Estados Unidos. Ele afirmou que, apesar da fragilidade econômica, o pior cenário não seria uma crise econômica, mas sim a possibilidade de Trump e o movimento MAGA "demolirem a democracia", atuando de forma rápida e descarada para minar os alicerces democráticos do país.
Krugman citou exemplos de tentativas republicanas de interferir nas eleições legislativas, como restrições ao voto por correspondência, muito utilizado por eleitores democratas. "Grande parte disso é claramente inconstitucional, mas isso não significa que não vá acontecer. Se o autoritarismo vier aos EUA, não conte que será brando", destacou Krugman, fazendo referência ao risco de práticas autoritárias no país.
