
A Eastman Kodak, tradicional fabricante de produtos fotográficos e com 133 anos de história, divulgou alerta sobre sua capacidade de continuar operando caso não obtenha novo financiamento nos próximos meses. A empresa informou em relatório trimestral que não dispõe de liquidez para honrar cerca de US$ 500 milhões em obrigações futuras, valor que corresponde a mais de três vezes o caixa disponível no fim de junho (US$ 155 milhões).

O comunicado derrubou as ações em quase 20% na terça-feira (12), refletindo a preocupação do mercado com a solvência da companhia. Como medida emergencial, a Kodak pretende suspender pagamentos de seu plano de pensão, preservando recursos para operações e eventuais renegociações.
A crise evidencia a dificuldade da empresa em reposicionar seu modelo de negócios. Nos anos 1970, a Kodak detinha 90% do mercado de filmes fotográficos e 85% do mercado de câmeras nos Estados Unidos. A liderança foi perdida com o avanço da fotografia digital — tecnologia que a própria companhia desenvolveu em 1975, mas não explorou comercialmente.
Após pedir falência em 2012, a Kodak abandonou a produção de câmeras, concentrou-se em impressão industrial e, desde 2020, iniciou a conversão de parte de sua estrutura para a produção de insumos farmacêuticos. O projeto inclui uma fábrica reformada que, segundo a empresa, deve começar a operar ainda este ano.
A estratégia, no entanto, não eliminou o endividamento e a pressão sobre o caixa. Além das dívidas, a Kodak enfrenta um cenário de demanda instável em seus mercados tradicionais e margens reduzidas. A administração afirma buscar alternativas como amortização antecipada de parte dos débitos, extensão de prazos e emissão de novos instrumentos de dívida ou ações preferenciais.
