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12 de outubro de 2025 - 19h13
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COMBUSTÍVEIS & TRIBUTAÇÃO

Interdição da Refit já eleva arrecadação de ICMS em R$ 200 milhões, aponta IBP

Segundo o Instituto Brasileiro do Petróleo, empresa deixava de recolher R$ 15 milhões por dia em impostos no Rio e em São Paulo

12 outubro 2025 - 16h45Denise Luna
Refit, na zona norte do Rio, segue interditada após operação da ANP por supostas irregularidades em suas atividades.
Refit, na zona norte do Rio, segue interditada após operação da ANP por supostas irregularidades em suas atividades. - Foto: Reprodução

A recente interdição da refinaria Refit, localizada em Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, já teve impacto direto na arrecadação de impostos. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), os estados do Rio de Janeiro e São Paulo arrecadaram cerca de R$ 200 milhões em ICMS desde que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) suspendeu as operações da refinaria no dia 26 de setembro.

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De acordo com o IBP, a Refit vinha deixando de recolher aproximadamente R$ 15 milhões por dia, valor referente às operações com gasolina, diesel e etanol nos dois estados. O instituto, que representa o setor de óleo e gás, destaca que a empresa, antiga Refinaria de Manguinhos, há décadas não contribuía regularmente com os cofres estaduais, mesmo acessando benefícios tributários voltados a refinarias.

A suspensão das atividades foi resultado da Operação Carbono Oculto, que identificou irregularidades na importação de combustíveis e na própria atividade da empresa. Segundo a ANP, a Refit não apresentava evidências de que de fato realizava o processo de refino de petróleo, o que fere os critérios para o recebimento dos incentivos fiscais reservados às refinarias.

Controvérsias e resposta da empresa - Em nota enviada à ANP, a Refit afirmou que adotou todas as medidas solicitadas pela fiscalização e que os 11 pontos questionados pela agência não seriam suficientes, do ponto de vista legal, para justificar a interdição total das atividades. A empresa destacou que, mesmo sem concordar com a medida, está empenhada em atender às exigências impostas para reverter a paralisação.

A ANP, por outro lado, reafirmou a suspensão cautelar das atividades da refinaria até que todas as irregularidades sejam esclarecidas. A autarquia também ressaltou que a medida visa proteger a concorrência leal e o interesse público, em especial no que se refere à arrecadação e à conformidade tributária no setor de combustíveis.

O IBP aproveitou o caso para voltar a cobrar a votação do Projeto de Lei Complementar 125/2021, que trata da punição de devedores contumazes, empresas que reiteradamente deixam de pagar tributos. A proposta está parada na Câmara dos Deputados, sob a presidência do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

“Enquanto se cogita punir empresas que geram empregos e pagam seus tributos, o projeto que pune os grandes devedores segue na gaveta. Para o setor produtivo, o recado é amargo: no Brasil, o crime fiscal compensa”, afirmou o IBP.

A interdição da Refit, na visão do instituto, interrompeu perdas bilionárias para os estados, mas também expôs uma contradição no cenário fiscal do Rio de Janeiro. O IBP criticou a tentativa do governador Cláudio Castro (PL) de alterar o Fundo Orçamentário Temporário (FOT) para aumentar a carga tributária em mais de 20 setores da economia, mesmo com a persistência de empresas que operam à margem da legalidade.

Histórico da Refit - A Refit atua no mercado de combustíveis como refinaria, mas vinha sendo alvo de questionamentos há anos sobre a real efetividade de suas atividades. Em investigações anteriores, foram detectadas suspeitas de que a empresa comprava combustíveis prontos do exterior, especialmente gasolina, mas se beneficiava do regime tributário reservado a refinarias, que deveriam realizar o processo de transformação do petróleo cru.

A empresa também foi alvo de apreensões de cargas em navios, o que acirrou os questionamentos regulatórios. A operação da ANP e da Receita Federal faz parte de um esforço para regularizar o mercado de combustíveis, marcado por alta sonegação e concorrência desleal em algumas regiões do país.

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