
O Ibovespa iniciou a primeira semana completa de agosto sem grandes movimentações, encerrando a sessão desta segunda-feira (5) com leve alta de 0,40%, aos 132.971,20 pontos. O principal índice da B3 segue preso a uma faixa estreita de variação — entre os 132 mil e 133 mil pontos — desde 24 de julho, refletindo um mercado sem impulso claro nem para avançar rumo à máxima histórica, nem para corrigir de forma mais acentuada.

Ao longo do dia, o Ibovespa oscilou entre a mínima de 132.439,54 e a máxima de 133.928,94 pontos. A abertura coincidiu com o menor nível do pregão. O volume financeiro negociado ficou em R$ 15,2 bilhões, abaixo da média.
Desde o fechamento em 135 mil pontos no dia 23 de julho, o índice não voltou a superar essa marca — nem mesmo durante as sessões. Em relação à máxima histórica, registrada em 4 de julho (141 mil pontos), o mercado segue lateralizado, sem força para retomar o patamar anterior.
Apesar da alta modesta no pregão, o índice acumula queda de 0,08% no mês. No ano, porém, ainda sustenta valorização de 10,55%.
O principal fator que deu sustentação ao Ibovespa nesta segunda-feira veio do exterior. A expectativa de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) possa cortar os juros em setembro ou outubro impulsionou os mercados internacionais e contribuiu para o desempenho positivo da bolsa brasileira.
"A alta em Nova York, alimentada pela possibilidade de cortes nas taxas americanas, enfraqueceu o dólar globalmente e aliviou os juros futuros no Brasil, beneficiando os ativos de risco", explicou Matheus Spiess, analista da Empiricus.
Além do impacto cambial, Spiess também destacou o reflexo da curva de juros local sobre os papéis da bolsa, favorecendo principalmente setores mais sensíveis a essa oscilação.
Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, reforçou a influência externa no desempenho da B3. "O mercado doméstico acompanhou a valorização lá fora, com o dólar em baixa e as ações em alta, puxadas pela expectativa de afrouxamento monetário nos EUA."
Nos Estados Unidos, os índices fecharam em alta expressiva: o Dow Jones subiu 1,34%, o S&P 500, 1,54%, e a Nasdaq, 1,95%.
Apesar do ambiente favorável, o avanço do Ibovespa poderia ter sido maior se não fosse a pressão negativa das ações da Petrobras. O recuo dos preços do petróleo, com queda de cerca de 1% nas cotações em Londres e Nova York, impactou os papéis da estatal.
A decisão da Opep+ de aumentar a produção da commodity contribuiu para o recuo do barril. Além disso, investidores repercutiram falas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que poderá elevar tarifas sobre a Índia devido à compra de óleo da Rússia.
No pregão, as ações ordinárias da Petrobras caíram 0,34% e as preferenciais, 0,16%.
Entre os papéis de maior peso no índice, Vale ON avançou 0,80% e ajudou a puxar o Ibovespa para o campo positivo. Os grandes bancos também tiveram bom desempenho: Banco do Brasil ON subiu 2,02%, recuperando parte das perdas da última sexta-feira, enquanto Santander Unit ganhou 2,05%.
Entre as maiores altas do dia estiveram RD Saúde (+8,54%), Hapvida (+3,95%) e Vivara (+3,54%). Do lado oposto, os destaques negativos ficaram por conta de BRF (-3,40%), Pão de Açúcar (-2,87%) e Yduqs (-2,54%).
Apesar do movimento positivo, o mercado doméstico continua em compasso de espera por definições na política fiscal e monetária do país. Investidores monitoram os próximos passos do governo em relação ao arcabouço fiscal e à reforma tributária, além de novas sinalizações do Banco Central sobre o rumo da Selic.
Do lado externo, o foco segue nas divulgações de dados econômicos nos Estados Unidos, principalmente os indicadores de inflação e emprego, que podem influenciar a decisão do Fed sobre os juros.
Até lá, o Ibovespa deve continuar oscilando dentro de uma faixa estreita, com movimentações limitadas à medida que os investidores aguardam novos gatilhos para sair da lateralização atual.
