
Após semanas de máximas históricas, o Ibovespa registrou nesta quinta-feira (2) sua maior queda diária em percentual desde 19 de agosto, recuando 1,08% e fechando aos 143.949,64 pontos, abaixo de 144 mil, menor nível desde 15 de setembro. A oscilação do dia variou entre 143.635 e 145.620 pontos, com giro de R$ 19,5 bilhões.

No acumulado da semana, o índice cai 1,03%, enquanto nas duas primeiras sessões de outubro a perda é de 1,56%. No ano, o Ibovespa ainda registra alta de 19,68%. Entre os papéis que fecharam em alta, destacaram-se Marcopolo (+1,62%), Gerdau (+1,24%) e Metalúrgica Gerdau (+1,03%). No lado oposto, Pão de Açúcar (-6,92%), Embraer (-5,82%) e Azzas (-5,14%) tiveram os maiores recuos.
Entre ações de grande peso e liquidez, Petrobras ON e PN caíram 1,24% e 0,96%, acompanhando a quarta sessão consecutiva de queda do petróleo. No setor financeiro, Bradesco PN caiu 1,61%, Itaú PN 1,10% e Santander Unit 0,21%. Vale ON, principal ação da carteira Ibovespa, subiu 0,67%.
A sessão foi marcada por volatilidade maior do que as vistas nas últimas semanas, influenciada por fatores domésticos e externos. Entre os riscos, destacam-se os efeitos da aprovação do projeto de isenção do IR na Câmara e a ausência de indicadores econômicos nos EUA, devido ao shutdown, em um momento de transição na política monetária do Federal Reserve.
O dólar acompanhou a volatilidade, atingindo máxima de R$ 5,37 e fechando próximo de R$ 5,34. A curva do DI também sofreu pressão com a incerteza fiscal, agravada por rumores sobre uma possível isenção nacional de tarifas de ônibus, com custo estimado de R$ 60 bilhões para 2026, ainda sem proposta concreta ou análise técnica.
Para economistas, a aprovação do IR deve aumentar o consumo, principalmente entre os contribuintes beneficiados pela faixa de isenção, compensando parcialmente riscos fiscais. José Alfaix, da Rio Bravo Investimentos, destaca que a compensação tributária prevista na medida deve neutralizar o impacto fiscal. Maurício Une, do Rabobank, lembra que a isenção deve gerar perda de R$ 26 bilhões, mas compensações, como tributação de lucros e dividendos e imposto mínimo para rendas elevadas, devem injetar recursos líquidos no consumo das famílias.
A percepção geral do mercado é que, apesar da volatilidade e riscos fiscais, os efeitos da medida sobre os preços de ativos e a economia devem ser moderados, com potencial estímulo ao consumo doméstico.
