
O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (2) em baixa de 0,67%, aos 140.335,16 pontos, após oscilar entre 139.625,25 e 141.279,12 pontos. O volume financeiro somou R$ 21,2 bilhões. O desempenho marca a segunda correção consecutiva depois da renovação de recordes na última sexta-feira. Na semana e no mês, o índice recua 0,77%, mas ainda acumula alta de 16,67% no ano.

Nos Estados Unidos, os principais índices também fecharam no vermelho na volta do feriado, com quedas de 0,55% no Dow Jones e 0,82% no Nasdaq. A alta dos rendimentos dos Treasuries e dos juros futuros pressionou os mercados globais. O petróleo, por sua vez, avançou mais de 1% em Londres e Nova York, o que ajudou Petrobras a destoar do mau humor generalizado na B3 (ON +0,77%, PN +0,51%). Já Vale ON recuou 0,38%, acompanhando a percepção de desaceleração da economia chinesa.
As maiores perdas ficaram com Banco do Brasil (-3,18%), C&A (-3,70%), Auren (-3,89%), Azzas (-2,73%) e Marfrig (-2,64%). Analistas apontam que a pressão sobre o BB esteve ligada ao início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Existe o temor de que o governo dos Estados Unidos, caso venha a reagir mais uma vez, possa impor sanções ao Banco do Brasil, por ser uma instituição ligada à União”, explicou Matheus Spiess, da Empiricus. Alison Correia, da Dom Investimentos, acrescenta que a tensão política se somou à queda de Vale, reforçando o movimento de cautela.
Apesar da queda do índice, papéis de incorporadoras voltadas ao público de baixa renda tiveram desempenho positivo, como MRV (+2,11%), Cury (+0,89%) e Direcional (+1,39%). Segundo Felipe Sant’Anna, do Grupo Axia Investing, a demanda segue firme: “Tudo que o setor produz, vende mesmo com financiamento mais caro, porque a renda das famílias e os níveis de emprego estão altos.”
Entre os maiores ganhos do dia também apareceram Cosan (+3,31%) e Embraer (+2,17%).
O principal dado da agenda econômica foi o PIB do segundo trimestre, que avançou 0,4% frente ao trimestre anterior, levemente acima do esperado. O resultado, no entanto, confirmou a perda de ritmo em relação ao crescimento dos três primeiros meses de 2025.
Para Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina, a leitura reforça o cenário de moderação da atividade. “Setores mais sensíveis à taxa Selic, como o consumo das famílias, perderam dinamismo. A expectativa é que os cortes de juros comecem apenas no primeiro trimestre de 2026”, avaliou.
Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos, destacou que o movimento do mercado foi mais de realização de lucros do que de fuga ao risco. “O julgamento do Bolsonaro trouxe uma dose extra de cautela, mas o PIB mostrou uma economia ainda aquecida, o que reduz as chances de corte de juros em dezembro e pesa sobre a Bolsa após os recordes recentes.”
