
Depois de três sessões consecutivas renovando recordes, o Ibovespa teve um dia de respiro nesta quinta-feira (18). O principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) encerrou o pregão em leve baixa de 0,06%, aos 145.499,49 pontos, após oscilar em uma faixa estreita entre mínima de 144.993,21 e máxima de 145.726,41. A pausa veio após atingir, na quarta-feira (17), um novo pico histórico, ultrapassando pela primeira vez os 146 mil pontos no intradia.

Apesar da correção, o Ibovespa ainda acumula alta de 2,27% na semana e de 2,88% no mês. No acumulado de 2025, o avanço já chega a expressivos 20,96%. O giro financeiro da sessão foi de R$ 22,8 bilhões, em véspera de vencimento de opções sobre ações.
A trégua no rali da Bolsa foi influenciada pela reação do mercado à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros em 15% e indicou que não há expectativa de corte no curto prazo. A comunicação mais rígida ("hawkish") surpreendeu parte do mercado, que ainda nutria esperanças de alguma flexibilização até o fim de 2025.
"O Copom deixou claro que, mesmo com a desaceleração da economia e valorização recente do real, não há espaço para cortes. A projeção para o IPCA de 2027 continua em 3,4%", afirmou Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, reforça que o Banco Central vê riscos inflacionários persistentes: "O mercado de trabalho continua resiliente e há incertezas geopolíticas e tarifárias que geram volatilidade, inclusive sobre o Brasil".
Diante do cenário de juros elevados e queda nos preços internacionais das commodities, ações de peso como Petrobras e Vale fecharam em baixa. A estatal recuou 0,75% (ON) e 0,98% (PN), enquanto Vale ON caiu 0,19%, refletindo a leve desvalorização do minério de ferro.
Na contramão do mercado, a Natura teve o melhor desempenho do dia, com alta de 16,46%, após anunciar a venda da Avon Internacional para a Regent, dentro da estratégia de reestruturação e desinvestimento. Também se destacaram Motiva (+2,29%) e Hypera (+2,08%).
Na ponta negativa, lideraram as quedas Usiminas (-5,40%), Azzas (-3,37%) e Vamos (-2,96%). Entre os grandes bancos, o dia foi misto: Bradesco ON caiu 1,06%, enquanto Banco do Brasil ON subiu 1,05%.
Papéis ligados ao consumo e construção, mais afetados pelo custo do crédito, reagiram mal ao tom duro do Copom. Cyrela (-0,20%), Magazine Luiza (-0,71%) e MRV (-1,02%) figuraram entre as quedas. "Sem sinal de corte na Selic, esses setores tendem a perder tração", avaliou Gabriel Filassi, da AVG Capital.
Apesar da leve correção no Ibovespa, o dólar teve alta de 0,34%, fechando cotado a R$ 5,3191. A moeda operou com estabilidade durante boa parte do dia, mas se fortaleceu no final da sessão diante da valorização frente a moedas fortes como euro, iene e libra.
"O ajuste no Brasil foi leve, mostrando resiliência do mercado local. O dólar segue fraco globalmente, o que deve continuar favorecendo emergentes com o início da queda de juros nos EUA", comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus.
