
Na tarde desta segunda-feira (27), enquanto Wall Street amargava uma ressaca tecnológica que derrubou a Nasdaq em 3,07%, o Ibovespa se comportava como aquele amigo que ignora o drama alheio. Com uma alta de 1,97%, o principal índice da Bolsa brasileira atingiu os 124.861 pontos, o maior nível desde dezembro, e deu ao mercado local motivos para comemorar.

A valorização foi sustentada por ações de peso: Vale, Petrobras e os gigantes bancários, como Banco do Brasil e Itaú, que deram um gás extra no índice. O varejo também brilhou, com Magazine Luiza subindo impressionantes 10,05%, liderando a lista de maiores altas do dia.
Enquanto isso, do outro lado da tabela, a WEG sofreu um tombo de quase 8%. O motivo? A China resolveu entrar na briga da inteligência artificial com uma nova tecnologia mais barata e eficiente, e o mercado não perdoou.
Quem brilhou e quem tropeçou - Dos 87 papéis do Ibovespa, apenas três fecharam em baixa: WEG (-7,88%), Embraer (-2,97%) e RD Saúde (-0,38%). Já no topo, Magazine Luiza, Minerva (+9,91%) e Assaí (+7,64%) foram os destaques.
No mundo dos bancões, o Banco do Brasil liderou o pelotão, com alta de 4,09%, seguido por Itaú (+2,40%) e Bradesco (+2,69%), mostrando que, ao menos para eles, o dia foi de calmaria.
Mesmo com uma queda de 2% no preço do petróleo, Petrobras conseguiu subir, com +1,11% nas ações ordinárias e +1,47% nas preferenciais. Vale, por sua vez, avançou 1,75%, mantendo sua contribuição de sempre.
Enquanto isso, nos Estados Unidos… Lá fora, o tom foi bem diferente. Um novo anúncio vindo da China sobre avanços em inteligência artificial fez as ações de tecnologia despencarem. É o caso do setor que, nos últimos meses, vinha dando saltos históricos nos índices americanos, mas que hoje tropeçou feio.
"A gente observa uma forte correção no mercado americano, principalmente nas empresas de tecnologia, que vinham em alta constante nos últimos oito meses", explica Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos.
Para Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, o mercado brasileiro conseguiu se descolar desse cenário de estresse por conta do peso de setores domésticos e do apetite renovado por ações ligadas ao varejo e à infraestrutura. "Vale, Petrobras e os bancos deram suporte para o índice hoje. A análise gráfica indica que essa recuperação pode seguir no curto prazo", diz.
O que vem por aí - Com o Ibovespa subindo 3,81% no acumulado de janeiro, o índice caminha para seu melhor desempenho mensal desde agosto e um dos melhores janeiros desde 2022. Para quem acompanha o mercado, fica a expectativa: será que essa calmaria é só um intervalo antes da próxima onda, ou a Bolsa brasileira vai continuar a surfar sua própria maré?
