
O Ibovespa encerrou o último pregão de 2025, nesta terça-feira (30), aos 161.125,37 pontos, consolidando uma valorização acumulada de 33,95% ao longo do ano. Trata-se do melhor desempenho anual do principal índice da Bolsa brasileira desde 2016, quando havia registrado alta de 38,9%.
No pregão de hoje, o índice operou em alta desde a abertura e chegou a avançar quase 1% no melhor momento do dia, quando alcançou 162.075,04 pontos. Ao longo da manhã, porém, os ganhos perderam força e o Ibovespa fechou com avanço mais moderado, de 0,40%, em sessão marcada por giro financeiro de R$ 16,8 bilhões.
Em dezembro, o índice acumulou alta de 1,29%, garantindo o quinto ganho mensal consecutivo e encerrando o ano próximo da máxima histórica.
O desempenho de 2025 foi sustentado por uma sequência consistente de altas ao longo dos trimestres. No primeiro trimestre, o Ibovespa avançou 8,29%, seguido por ganho de 6,18% no segundo trimestre e de 5,31% no terceiro. Já no último trimestre do ano, o índice acumulou valorização de 10,18%, o melhor resultado trimestral desde o quarto trimestre de 2023, quando havia subido 15,11%.
O resultado entre outubro e dezembro representa uma reversão expressiva em relação ao mesmo período de 2024, quando o Ibovespa havia recuado 8,74%, no pior desempenho para um último trimestre desde a crise financeira global de 2008. À época, o mercado reagia negativamente à deterioração do cenário fiscal doméstico e às incertezas externas, especialmente relacionadas à política econômica dos Estados Unidos sob o segundo mandato de Donald Trump.
Ao longo de 2025, esse ambiente começou a mudar. A distensão no cenário internacional, a reversão de medidas protecionistas, a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos e a perspectiva de que o mesmo movimento possa ocorrer no Brasil ajudaram a sustentar o otimismo com a Bolsa.
Com a valorização do índice e a oscilação cambial, o Ibovespa encerrou dezembro aos 29.354,16 pontos quando convertido em dólar. No início do último trimestre, em outubro, estava em 27.793,98 pontos nessa métrica. Em novembro, chegou a se aproximar de 30 mil pontos em dólar, impulsionado também pela queda do dólar naquele mês. Ainda assim, o patamar segue distante do recorde histórico de julho de 2008, quando o índice, em dólar, quase atingiu 45 mil pontos.
Em relatório de análise técnica, o Itaú BBA destaca que 2025 foi marcado por o Ibovespa ter iniciado o ano próximo da mínima anual e encerrado muito perto da máxima histórica. Para o banco, o índice mantém viés positivo e pode buscar resistências em 163.100 e 165.000 pontos, nível correspondente à máxima histórica intradia. “A tendência para o ano de 2026 segue para cima e consistente até este momento”, avalia a instituição.
Entre os principais papéis da Bolsa, o ano foi majoritariamente positivo. A Vale teve valorização de 47,91%, enquanto os bancos se destacaram, com Itaú PN avançando 59,54% e Bradesco registrando altas expressivas tanto nas ações ordinárias (+64,73%) quanto preferenciais (+74,07%). A exceção ficou por conta da Petrobras, que acumulou perdas em 2025, com queda de 9,50% nas ações ordinárias e de 5,58% nas preferenciais.
No pregão desta terça-feira, as maiores altas do Ibovespa foram registradas por Natura (+3,04%), Pão de Açúcar (+2,98%) e C&A (+2,57%). Na ponta negativa, destaque para Localiza (-4,19%), Embraer (-1,45%) e TIM (-1,39%).
Segundo operadores, os dados do mercado de trabalho divulgados ao longo do dia ajudaram a sustentar o desempenho positivo do índice. Pela manhã, o IBGE informou que a taxa de desemprego caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro, a menor da série histórica iniciada em 2012. À tarde, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou saldo positivo de 85.864 vagas formais em novembro, acima das expectativas do mercado.
“A leitura forte do emprego animou o índice”, afirmou Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, ressaltando que o cenário reforça a percepção de atividade econômica ainda aquecida, apesar dos desafios fiscais.


