
O Ibovespa encerrou a terça-feira (9) em leve queda de 0,13%, aos 157.981,13 pontos, após passar boa parte da tarde operando em alta. O índice chegou a avançar com a expectativa de avanço do projeto de lei que reduz penas dos condenados por atos golpistas, mas perdeu força no fechamento diante da suspensão da sessão da Câmara dos Deputados — paralisada por um protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que ocupou a cadeira da presidência em ato contra o processo de cassação que enfrenta no Conselho de Ética.
A interrupção da sessão frustrou os planos do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de colocar em pauta o chamado PL da Dosimetria, cuja votação era vista por agentes do mercado como chave para a eventual desistência da pré-candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O cenário político segue como principal vetor de volatilidade na bolsa, que já vinha de forte queda de 4,31% na sexta-feira, após o anúncio da pré-candidatura de Flávio. A possível divisão da direita entre o senador e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é vista com preocupação pelo mercado, que prefere um nome mais previsível e alinhado com o ajuste fiscal.
“O mercado estava posicionado em Tarcísio e foi pego de surpresa por Flávio. Isso reforça a percepção de que a reeleição de Lula pode se tornar mais viável, o que eleva o risco fiscal e pressiona juros e inflação”, explica Rubens Cittadin Neto, da Manchester Investimentos.
O protesto do deputado Glauber Braga, que se recusou a sair da cadeira da presidência da Câmara, levou à suspensão da sessão e da TV Câmara. Até então, o Ibovespa subia após declarações de que o projeto de dosimetria poderia ser votado ainda nesta semana também no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, sinalizou que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) poderia analisar o texto na quarta-feira (10), e o plenário na semana seguinte.
“Se aprovado, o projeto pode ser usado como moeda de troca para que Flávio Bolsonaro retire a candidatura. Isso ajudaria a reduzir a fragmentação da oposição e restabeleceria algum grau de previsibilidade política”, afirma Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos.
Na B3, o giro financeiro somou R$ 25 bilhões, com ações de empresas ligadas a consumo e tecnologia entre as maiores quedas: Magazine Luiza (-4,93%), Vamos (-3,33%) e Cyrela (-2,56%). No lado positivo, destaque para Pão de Açúcar (+3,91%), Usiminas (+3,68%) e CSN (+3,31%). Apesar da queda do petróleo, as ações da Petrobras (ON e PN) avançaram 0,63%, e a Vale ON subiu discretamente (+0,06%).
No exterior, os mercados aguardam a chamada “Super Quarta”, com decisões sobre as taxas de juros no Brasil (Selic) e nos Estados Unidos (Fed). A expectativa é de manutenção da Selic em 15% ao ano e um corte de 0,25 ponto percentual nos EUA. A possível queda dos juros americanos é vista como fator positivo para a Bolsa brasileira no médio prazo.


