
Após duas sessões consecutivas de alta, o Ibovespa passou por um movimento de ajuste nesta segunda-feira (29), mas conseguiu sustentar o nível dos 160 mil pontos pelo terceiro fechamento seguido, em um pregão marcado por liquidez reduzida, típico do fim de ano.
O principal índice da B3 oscilou entre a mínima de 159.701,72 pontos e a máxima de 161.133,33 pontos, tendo iniciado o dia aos 160.896,52 pontos. Ao final da sessão, recuou 0,25%, aos 160.490,30 pontos, com giro financeiro de R$ 16,3 bilhões, enfraquecido nesta penúltima sessão de 2025.
Mesmo com a leve correção, o desempenho acumulado segue expressivo. No ano, o Ibovespa sobe 33,43%, caminhando para o melhor resultado desde 2016, quando avançou 38,9%. Em dezembro, o índice ainda registra alta de 0,89%.
O desempenho positivo das ações da Petrobras — ON (+0,65%) e PN (+1,05%) — impulsionadas pela alta do petróleo no mercado internacional, não foi suficiente para neutralizar o impacto da queda de Vale ON, que recuou 1,37%. O avanço de cerca de 2% do petróleo em Londres e Nova York refletiu tensões geopolíticas, como o cenário entre Estados Unidos e Venezuela e notícias desencontradas sobre um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.
Já a queda da Vale ocorreu apesar da valorização do minério de ferro na sessão. Operadores atribuíram o movimento a uma realização de lucros, após um período de forte desempenho da ação, que ainda acumula alta superior a 12% em dezembro e quase 50% no ano.
“O Ibovespa teve menor liquidez, como era esperado para o fim do ano, e foi puxado hoje para baixo pela correção em Vale, que vem de um trimestre muito bom”, avaliou Guilherme Falcão, sócio da One Investimentos.
O setor financeiro, de maior peso no índice, também contribuiu para o viés negativo do pregão. As ações dos principais bancos fecharam em queda, com destaque para o Santander Unit, que recuou 2,68%. A exceção foi o Bradesco PN, que terminou o dia em alta de 0,49%, na máxima do pregão.
Na ponta positiva do Ibovespa, as maiores altas foram de Brava (+5,01%), Pão de Açúcar (+2,50%) e CVC (+1,93%). No lado oposto, além de Vale, figuraram Cogna (-3,12%) e CSN (-2,51%).
Em relatório, o Inter avaliou que a atual precificação do Ibovespa, em torno dos 160 mil pontos, embute uma expectativa modesta de crescimento dos lucros em 2026, estimada em cerca de 3%, segundo consenso da FactSet. Para o banco, esse cenário pode ser revisto.
“Considerando um valuation de 10 vezes, ainda abaixo da média histórica, e um crescimento esperado de 5% no lucro por ação do Ibovespa, estimamos um valor justo de 182 mil pontos, o que consideramos cautelosamente otimista”, aponta o relatório.
Já Bruno Corano, CEO da Corano Capital, avalia que o início de 2026 tende a ser mais volátil. “O mercado estará atento aos dados de inflação, às sinalizações do Copom e do Fed, além do fluxo estrangeiro. Se o cenário de juros continuar caminhando na direção correta, o viés segue construtivo”, afirmou. Para ele, dezembro funcionou como uma “pausa para ajuste”, com pano de fundo ainda positivo no primeiro semestre de 2026, antes da aproximação do período eleitoral.
No curtíssimo prazo, investidores também monitoram os desdobramentos envolvendo o Banco Master. O mercado acompanha a acareação determinada pelo ministro Dias Toffoli, do STF, entre Daniel Vorcaro, controlador da instituição, e Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização do Banco Central, marcada para esta terça-feira.
Após a liquidação do banco pelo BC, há receio de que a atuação direta do Supremo em um tema técnico da autoridade monetária possa gerar insegurança regulatória. Paralelamente, o Banco Central enviou resposta ao TCU sobre o caso, cujo conteúdo permanece sob sigilo.
No cenário macroeconômico, o Boletim Focus trouxe nova redução nas projeções de inflação. A mediana para o IPCA de 2025 caiu de 4,33% para 4,32%, a sétima baixa consecutiva, ficando 0,18 ponto percentual abaixo do teto da meta, de 4,50%. Para 2026, a projeção recuou de 4,06% para 4,05%.
Outro dado relevante foi o IGP-M, que registrou queda de 0,01% em dezembro, após alta de 0,27% em novembro, segundo a FGV. Com isso, o índice encerrou 2025 com recuo acumulado de 1,05%, o melhor resultado desde 2023, quando a queda foi de 3,18%.

