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ECONOMIA

IBGE vai ajustar dados de desemprego com base no Censo e atualizar toda a série histórica

Reponderação da Pnad Contínua será feita a partir desta semana para refletir perfil real da população brasileira

27 julho 2025 - 09h30
IBGE vai ajustar dados passados de desemprego; entenda o porquê
IBGE vai ajustar dados passados de desemprego; entenda o porquê - (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começa, a partir da próxima quinta-feira (31), a divulgar dados da Pnad Contínua com uma importante atualização: os resultados do Censo Demográfico de 2022 serão incorporados à base amostral da pesquisa. Essa mudança, chamada de reponderação, vai ajustar os dados passados sobre desemprego, o que pode alterar levemente a taxa de desocupação divulgada nos últimos meses.

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Com a reponderação, o IBGE irá adequar o perfil da amostra de domicílios visitados às informações mais recentes sobre a população brasileira. Isso significa que a composição real de gênero, idade e localização dos brasileiros — levantada pelo Censo — será refletida nas próximas edições da Pnad Contínua. A atualização também revisará a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

A reponderação da Pnad Contínua em 2025 considera os totais populacionais das projeções de populações divulgadas em 2024, que incorporam os resultados do último Censo, realizado em 2022. Como resultado, a série histórica dos indicadores será atualizada”, explicou o IBGE.

O que muda com a reponderação da Pnad - A principal consequência desse ajuste será uma adequação dos dados de desemprego, ocupação e demais indicadores do mercado de trabalho. Por exemplo, se o Censo identificou que há mais mulheres do que homens em determinada proporção, esse dado passa a ser refletido nas entrevistas feitas pela Pnad.

Um ponto importante é que, de acordo com o IBGE, mudanças significativas nos percentuais não são esperadas. Nas reponderações anteriores, as variações costumam ser pequenas, geralmente visíveis apenas nas casas decimais.

A necessidade de ajuste se deve à diferença entre as estimativas feitas antes e depois do novo Censo. Em 2024, a Pnad estimava que o Brasil tinha mais de 216 milhões de habitantes, mas os dados atualizados projetam uma população de 212,6 milhões.

Entenda como funciona a Pnad Contínua - A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) é a principal pesquisa do IBGE sobre o mercado de trabalho brasileiro. A cada trimestre, mais de 211 mil domicílios em cerca de 3.500 municípios são visitados. Nela, são consideradas desocupadas apenas as pessoas com 14 anos ou mais que estão procurando ativamente por emprego.

Esse critério a diferencia de outras pesquisas, como o Caged, do Ministério do Trabalho, que mede apenas os vínculos formais de emprego. A Pnad Contínua capta uma visão mais ampla do trabalho no Brasil, incluindo ocupações temporárias, informais ou por conta própria.

A reponderação da Pnad é uma prática padrão após os censos demográficos, que ocorrem a cada dez anos. Outros países também adotam esse tipo de atualização, reforçando a importância do Censo como base para diversas estatísticas nacionais.

Reponderações são comuns, mas discretas - Segundo o IBGE, o procedimento de reponderar pesquisas como a Pnad não é novo. A prática é adotada de forma rotineira após cada Censo ou em ocasiões especiais, como ocorreu durante a pandemia da covid-19, quando a coleta de dados teve que ser adaptada e exigiu ajustes posteriores.

Apesar da atualização, o instituto garante que as alterações na série histórica tendem a ser marginais. “Não houve mudanças significativas nos indicadores. Houve pequenas mudanças nos números absolutos da população, que não acarretaram mudanças significativas nos indicadores proporcionais”, afirmou o IBGE.

Censo revela novo retrato da população brasileira - Os dados do Censo 2022, usados como base para a reponderação, mostram que o Brasil tem uma população de 203.080.756 pessoas. A partir desses dados, o IBGE projetou uma população de 212,6 milhões para 2024.

O levantamento também revelou que as mulheres representam 51,5% da população, enquanto os homens correspondem a 48,5%. A maioria (87,4%) vive em áreas urbanas, e apenas 12,6% em zonas rurais.

Em relação à cor ou raça, os dados indicam que:

  • 45,3% da população se declara parda

  • 43,5% branca

  • 10,2% preta

  • 0,6% indígena

  • 0,4% amarela

Esses números servirão como base para a nova composição das amostras da Pnad e, consequentemente, para todos os indicadores produzidos a partir dela.

Últimos dados antes da reponderação - A taxa de desemprego mais recente, referente ao trimestre encerrado em maio, foi de 6,2% — o menor índice para o período desde o início da série histórica. A menor taxa já registrada foi em novembro de 2024, com 6,1%, enquanto o pico de desocupação foi de 14,9% durante a pandemia, entre setembro de 2020 e março de 2021.

Com os novos ajustes a partir de 31 de julho, os dados poderão apresentar pequenas alterações, mas a tendência e os padrões do mercado de trabalho devem se manter estáveis.

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