
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (11) que a medida provisória (MP) do plano de contingência contra o tarifaço dos Estados Unidos terá como prioridade a preservação de empregos, mas com exceções para empresas fortemente impactadas pela sobretaxa. Segundo ele, a proposta flexibiliza contrapartidas para atender diferentes realidades dentro de um mesmo setor.

“A MP flexibiliza para alguns casos outros tipos de contrapartida”, disse Haddad à GloboNews. O ministro destacou que mais de 10 mil empregos podem ser afetados e que o texto oferecerá diretrizes para cada empresa, com espaço para ajustes conforme as particularidades de cada CNPJ.
Reformas e medidas estruturais
O plano de contingência incluirá duas reformas estruturais: mudanças no crédito e no Fundo de Garantia para Exportações (FGE). Haddad afirmou que a meta é modernizar instrumentos de apoio para que empresas de todos os portes possam ampliar suas exportações.
“Estamos fazendo uma reforma estrutural no FGE para garantir que toda empresa brasileira com vocação exportadora tenha instrumentos modernos para vender para o mundo inteiro”, disse. Além disso, o pacote prevê linhas de financiamento, medidas tributárias e autorizações para compras governamentais em casos específicos.
Cenário geopolítico e reciprocidade
Haddad avaliou que a postura dos Estados Unidos reflete uma mudança geopolítica global, citando a Índia como exemplo de país afetado por políticas comerciais mais rígidas. Ele afirmou que o Brasil está recebendo tratamento diferente de outros parceiros comerciais e que o Itamaraty já estuda medidas de reciprocidade com base na Lei de Reciprocidade Econômica.
Entre as ações em análise está o questionamento formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a ordem executiva americana. Segundo o ministro, o governo vê retaliações como uma “carta na manga” para responder a possíveis novas sanções do presidente Donald Trump.
Impactos econômicos e inflação
Haddad disse não acreditar que as tarifas terão efeito inflacionário no Brasil. Pelo contrário, afirmou que podem ter impacto deflacionário, citando a queda nas projeções do mercado na pesquisa Focus após o anúncio do tarifaço.
O ministro também reafirmou que o governo está no caminho para atingir superávit primário no próximo ano, mantendo o equilíbrio fiscal sem comprometer o crescimento econômico.
