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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29) que algumas das pressões sobre o orçamento federal se agravaram após os governos Dilma Rousseff (2011–2016), citando como exemplos as emendas parlamentares, mudanças no Fundeb e falhas nos cadastros de programas sociais. Em entrevista à CNN Brasil, Haddad reconheceu que a própria ex-presidente admitiu erros em sua política econômica e disse que o Congresso impediu tentativas de correção.

“A própria Dilma reconheceu: ‘Olha, a desoneração que nós praticamos eu não faria de novo’”, disse o ministro. Segundo ele, o Planalto da época tentou rever medidas econômicas adotadas no primeiro mandato, mas enfrentou resistência política no Legislativo.
Haddad também comentou que já reconheceu publicamente os equívocos cometidos pelo PT durante a gestão de Dilma, reforçando a necessidade de revisões estruturais nas contas públicas.
O ministro ressaltou que nem todos os desafios fiscais atuais são herança direta do período Dilma. Algumas medidas que impactam o orçamento, como o aumento das emendas parlamentares e a reestruturação do Fundeb, foram implementadas posteriormente, o que, segundo ele, dificultou o equilíbrio das contas públicas.
Outro ponto abordado por Haddad foi o que chamou de “desarranjo” nos cadastros dos programas sociais, que teria comprometido a eficácia de ações voltadas à população mais vulnerável e afetado os indicadores fiscais e sociais.
Haddad afirmou que a dívida pública deve ser analisada dentro do contexto da política fiscal como um todo, e não isoladamente. Para ele, o sucesso da política econômica deve considerar também o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), os índices de emprego e o avanço no combate à fome.
“O que conta para o governo federal é o que fica nos cofres”, destacou, ao comentar que a carga tributária líquida atual ainda está abaixo do patamar registrado em 2011, o que influencia diretamente a capacidade de arrecadação do Estado.
Durante a entrevista, o ministro voltou a criticar a taxa básica de juros mantida pelo Banco Central, classificando-a como "muito alta há muitos anos". Segundo ele, essa política tem impactos diretos sobre a capacidade de investimento público e no crescimento econômico.
Ao ser questionado sobre o déficit público, Haddad fez questão de separar responsabilidades: “Eu respondo pelo resultado primário; eu sou autoridade fazendária. Eu não estou no Banco Central. O Banco Central é que responde pelo déficit nominal”.
Com isso, o ministro reafirmou que o Tesouro Nacional tem feito esforços para garantir o equilíbrio fiscal, enquanto cabe ao Banco Central administrar os efeitos da política monetária sobre a dívida.
