Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou preocupação com o impacto financeiro da derrubada do veto presidencial aos chamados “jabutis” incluídos no projeto de lei que regulamenta as eólicas offshore. Segundo ele, a decisão do Congresso Nacional poderá elevar o custo da energia elétrica para a população, e o governo precisará negociar saídas para evitar o aumento nas contas de luz.
Em entrevista publicada nesta terça-feira (8) pelo portal Metrópoles, Haddad afirmou que o governo está sendo forçado a redirecionar recursos públicos para cobrir prejuízos causados pela votação. Ele informou que uma portaria foi publicada no mesmo dia bloqueando R$ 1,4 bilhão de sua pasta, valor que seria utilizado para modernizar o sistema tributário do país.
"200 milhões vão pagar a conta", diz ministro - “O que está acontecendo é que estamos tirando recursos de áreas essenciais, como as Forças Armadas e o Itamaraty, para atender interesses de um pequeno grupo de empresários beneficiados por medidas como essa”, declarou. Segundo Haddad, o impacto recai sobre toda a população. “Vamos fazer 200 milhões de brasileiros pagarem conta de luz mais cara, enquanto o presidente Lula trabalha para isentar quem consome menos energia.”
O ministro voltou a defender a necessidade de diálogo com o Congresso. “Pedir para sentar e negociar não é um ataque ao Parlamento. É uma tentativa de resolver um problema real”, pontuou.
Haddad criticou a atuação de parlamentares da oposição, a quem acusa de agir de forma “irresponsável” ao ameaçarem um eventual “shutdown” do governo brasileiro — referência a um bloqueio de funcionamento por falta de orçamento, como ocorre em países como os Estados Unidos.
Segundo ele, o governo está empenhado em criar mecanismos para que consumidores de baixa renda tenham alívio na fatura de energia elétrica, mas enfrenta resistência política. “Enquanto o Executivo busca soluções para quem consome pouco, a oposição segue em sentido contrário”, resumiu.
Entenda o que são os “jabutis” das eólicas offshore - A expressão “jabutis” no jargão político se refere a emendas inseridas em projetos de lei que não têm ligação direta com o tema principal da proposta. No caso do projeto das eólicas offshore, foram incluídas medidas que, segundo especialistas e o próprio governo, criam privilégios e encargos que podem encarecer a geração de energia e comprometer o equilíbrio fiscal.
Ao derrubar o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a esses pontos, o Congresso restabeleceu dispositivos que ampliam subsídios ou criam obrigações adicionais com potencial de impacto nas tarifas.
