
Com as negociações salariais travadas e sem avanços consideráveis, os trabalhadores dos Correios em Mato Grosso do Sul podem iniciar uma greve já na próxima semana. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect-MS), Wilton dos Santos Lopes, em entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta quinta-feira (18).
Segundo Wilton, a categoria enfrenta anos de precarização, falta de contratações e um acordo salarial que, na visão dos trabalhadores, não atende às necessidades mínimas da base. “Na mesa de negociação, mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), a proposta do governo prevê a reposição da inflação com pagamento somente em abril de 2026 e um acordo bianual. Isso é insuficiente diante da sobrecarga de trabalho e da perda de direitos históricos que querem inserir no acordo coletivo”, explicou.
O sindicalista informou que ainda não houve deflagração formal da greve no Estado, mas que esse cenário está no horizonte caso não haja avanço real nas negociações com a empresa pública. Uma assembleia está marcada para a próxima terça-feira (23) onde os trabalhadores deverão deliberar sobre a mobilização.
“O indicativo de greve está a partir das 22h do dia 23 de dezembro, com término às 19 horas do mesmo dia. Se até lá não surgir uma proposta que contemple os nossos anseios, infelizmente vamos ter que somar forças com outros sindicatos que já deflagraram a greve”, afirmou Wilton.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect-MS), Wilton dos Santos Lopes - (Foto: Williams Souza)
Greve como alerta e não apenas reivindicação salarial - Quando questionado se a paralisação seria apenas uma disputa salarial, o presidente do Sintect-MS esclareceu que o movimento é muito mais profundo. “Não é só questão salarial. É um alerta sobre a condição dos Correios, sobre falta de pessoal, sobre necessidade de reestruturação da empresa para que ela possa prestar um serviço de qualidade à população. Precisamos de contratações e de um projeto que atenda aos anseios da categoria e da sociedade”, declarou.
O sindicalista ressaltou ainda que a categoria compreende o cenário econômico da empresa, mas que a reposição inflacionária é o mínimo que se espera para evitar maior desgaste dos trabalhadores.
Wilton lembrou que outros estados já vivem a paralisação. “São 36 sindicatos nacionais, e 12 bases já estão em greve, indo para o segundo dia. A realidade lá fora é semelhante à do Mato Grosso do Sul; a precarização afeta todo o país.”
O presidente do Sintect-MS pediu a compreensão da população caso a greve seja deflagrada, destacando que o movimento não é apenas por melhores salários, mas também por condições de trabalho e por uma empresa capaz de atender com qualidade. “Queremos evitar o fechamento de unidades ou agências, queremos contratação de pessoal e um projeto que realmente atenda ao povo brasileiro”, disse.

