Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
22 de setembro de 2025 - 18h55
tce
ECONOMIA

Governo Lula pede que STF autorize cobrança de tributo sobre tributo para conter perdas bilionárias

AGU quer encerrar milhares de ações judiciais sobre base de cálculo do PIS/Cofins que podem gerar impacto de R$ 117,6 bilhões aos cofres públicos

22 setembro 2025 - 17h15Lavínia Kaucz
Supremo Tribunal Federal (STF).
Supremo Tribunal Federal (STF). - (Foto: Wilton Junior/Estadão)
ENERGISA

A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) solicitando que a Corte reconheça como legal a prática de incluir tributos na base de cálculo de outros tributos — o popular “tributo sobre tributo”. O pedido, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi feito na última sexta-feira, 19, e visa estancar uma onda de ações judiciais que contestam a cobrança.

Canal WhatsApp

Segundo a AGU, o objetivo é pacificar a jurisprudência e evitar prejuízos que, somados, podem ultrapassar R$ 117,6 bilhões, conforme estimativas da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A ação foi sorteada para relatoria da ministra Cármen Lúcia, mesma que relatou a chamada “tese do século”, em 2017, quando o STF decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins — decisão que já gerou perdas bilionárias à União.

A decisão de 2017, que beneficiou as empresas ao excluir o ICMS da base do PIS/Cofins, gerou um efeito cascata no Judiciário. Desde então, mais de 113 mil processos foram abertos com argumentos semelhantes, contestando a legalidade de outros tributos na composição da base de cálculo. Os principais questionamentos hoje envolvem:

  • Inclusão do PIS/Cofins na própria base de cálculo (44 mil ações)

  • Inclusão do ISS na base do PIS/Cofins (42 mil ações)

  • Inclusão do crédito presumido de ICMS na base do PIS/Cofins (3 mil ações)

Esses temas aguardam julgamento no STF, e seus desfechos poderão representar novos prejuízos bilionários ao erário público, caso o entendimento seja novamente favorável aos contribuintes.

No pedido ao STF, a AGU sustenta que a decisão de 2017 sobre o ICMS não torna automaticamente inconstitucional qualquer incidência de um tributo sobre outro. O órgão destaca que o julgamento analisou exclusivamente as especificidades do ICMS e que tentar aplicar a mesma lógica a outros tributos representa uma distorção do entendimento da Corte.

A petição também adverte sobre os riscos de se manter a insegurança jurídica gerada pelas interpretações divergentes em tribunais inferiores, que têm dado decisões conflitantes em casos semelhantes. A AGU reforça que a jurisprudência está em disputa e que apenas o STF pode pôr fim ao impasse.

Outro ponto importante mencionado na petição é a Reforma Tributária aprovada em 2023 e cuja implementação deve ocorrer até 2027. O novo modelo tributário prevê a unificação de tributos e o fim da prática de cobrança em cascata, o que, na avaliação da AGU, tornará a atual discussão jurídica obsoleta.

“Após esse marco temporal, a discussão que dá origem a toda a celeuma narrada nesta petição inicial perderá sua causa, passando a viger um novo ordenamento sobre a matéria, desapegado dos esqueletos do passado”, afirma um trecho do documento.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop