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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira, 19, que a ideia de um ataque especulativo contra o real como movimento coordenado não explica bem a situação do câmbio neste momento. A afirmação foi feita durante coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

"Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias. Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem", disse o diretor do BC.
Lula e BC
O diretor de Política Monetária disse que não há rotina de dar ciência ao presidente da República sobre o que o BC pretende ou vai fazer. "Nem do ponto de vista legal e ele jamais chegou perto de discutir comigo sobre o que o Banco Central vai fazer em qualquer tipo de reunião", garantiu.
Galípolo comentou que não se quer esse tipo de relação no Banco Central, porque há a ciência e a preocupação de que a inflação é muito ruim para a população.
Ele também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem confiança nele. "Não só em mim, mas em toda a diretoria do Banco Central: de que ela vá desempenhar o trabalho que ela precisa para focar na inflação", disse.
Generosidade de Campos Neto na transição
Galípolo destacou que o processo de transição da presidência da autoridade monetária entre Roberto Campos Neto e ele, que assume em janeiro, têm sido generoso.
"O Roberto, várias vezes nas reuniões, citava o Powell, mas não era o Jeremy Powell, era o Colin Powell que ele citava, dizendo sobre você exercer influência no ambiente de reunião não pela autoridade, mas pela experiência e pelo aconselhamento. E eu sou a testemunha da generosidade que o Roberto teve ao longo de todo esse processo de transição. Às vezes o Roberto usa a palavra suave, às vezes eu uso generosidade, mas a verdade é que ela foi uma transição entre amigos mesmo, foi muito amistosa e o Roberto foi muito, muito generoso mesmo nesse processo de passar de bastão ao longo do processo", disse Galípolo.
Segundo o futuro presidente, Campos Neto deu liberdade a ele para, em todas as reuniões indicar que o peso da fala de Galípolo era diferente, pela iminência da troca de posições.
"Quero só agradecer, Roberto. Tenho muito orgulho de você ter me dado essa oportunidade de estar passando por essa primeira transição da autonomia do BC. Eu sou testemunha de que o Roberto, em todas as reuniões, atuou com preocupação em relação ao País, sempre, sempre, pensando o que era melhor para a economia brasileira e o que era para o país e em fortalecer a gente. E é um orgulho para mim poder passar por essa transição, na primeiro teste aqui da autonomia do BC", afirmou o diretor.
