
Funcionários do Nubank divulgaram, na noite de quarta-feira (12), um manifesto público contra o fim do trabalho remoto e as demissões realizadas na última semana. O texto foi apresentado durante uma plenária virtual promovida pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que reuniu cerca de 300 participantes.
O documento expressa repúdio à decisão do banco de encerrar o modelo remoto e adotar o formato híbrido a partir de 2026, além de criticar o desligamento de 14 funcionários por justa causa e as advertências aplicadas a quem manifestou descontentamento. Segundo os trabalhadores, a medida “contrasta com o discurso de valorização de feedbacks, diversidade e autonomia” e foi tomada sem diálogo com a equipe.
O Sindicato dos Bancários informou que muitos profissionais optaram por trabalhar no Nubank pela promessa de trabalho remoto. Agora, com a exigência de presença nos escritórios — localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro —, parte dos funcionários teme impactos financeiros e pessoais com a necessidade de mudança de cidade.
O manifesto, assinado por colaboradores de todas as áreas do grupo e de países onde o banco atua (Brasil, Colômbia e México), pede a reversão da decisão, a reabertura do diálogo com os trabalhadores e a recontratação dos demitidos. No texto, os funcionários afirmam que a mudança foi “arbitrária e insensível” e que ameaça a “diversidade e o bem-estar” da equipe.
O movimento teve início após uma reunião ao vivo com o CEO e fundador do Nubank, David Vélez, que apresentou o novo modelo de trabalho a mais de sete mil pessoas. Durante a transmissão, alguns empregados manifestaram discordância no chat, e, no dia seguinte, 12 deles foram demitidos por justa causa. Outros dois desligamentos ocorreram na segunda-feira (10).
Na terça-feira, antes da publicação da carta, Vélez comentou o episódio em uma postagem no LinkedIn, afirmando que alguns funcionários confundiram o canal corporativo “com uma rede social ou arquibancada de estádio”.
Em nota, o Sindicato dos Bancários classificou o caso como “grave” e disse que não aceitará retaliações por manifestações dos trabalhadores. “Esperamos que o Nubank esteja disposto a ouvir as reivindicações que serão apresentadas nas mesas de negociação”, afirmou a presidente da entidade, Neiva Ribeiro.
Uma reunião entre o sindicato e a direção do banco está marcada para quarta-feira (19), quando o tema deve ser discutido.
Procurado pela reportagem, o Nubank não se manifestou até a publicação desta matéria.

