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ECONOMIA

Tarifaço não será tão impactante para a produção de carne no Estado, diz presidente da Nelore/MS

Paulo Matos explica como a especulação no mercado não afetará diretamente a população de Mato Grosso do Sul, apesar das tarifas dos EUA

23 julho 2025 - 14h30Carlos Guilherme
O presidente da Nelore-MS, Paulo Matos, tranquiliza os produtores de Mato Grosso do Sul, dizendo que os impactos do tarifaço dos EUA serão limitados e que os frigoríficos não devem manipular os preços.
O presidente da Nelore-MS, Paulo Matos, tranquiliza os produtores de Mato Grosso do Sul, dizendo que os impactos do tarifaço dos EUA serão limitados e que os frigoríficos não devem manipular os preços.

A tarifa de 50% de importação nos Estados Unidos, que afeta diretamente a carne brasileira, gerou um clima de incerteza no setor da pecuária. No entanto, o presidente da Associação Nelore/MS, Paulo Matos, assegura que os impactos diretos sobre Mato Grosso do Sul serão limitados, mesmo com as tentativas de manipulação dos preços por parte de frigoríficos.

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Apesar do mercado americano ser um comprador importante da carne do estado, representando 18% das exportações de Mato Grosso do Sul, Matos destaca que a dependência do mercado externo não é tão grande quanto muitos acreditam. “A carne brasileira continua sendo a mais barata do mundo, e temos outros mercados consumidores. Mesmo com esse aumento, nossa carne continua significativamente mais barata que a carne americana. Eu acredito que essa alta pode até prejudicar o próprio consumidor americano. O impacto sobre a população de MS será pequeno", afirma o presidente da associação.

Matos lembra que, após o anúncio das tarifas, o mercado foi rapidamente tomado pelo pânico, com alguns frigoríficos aproveitando o momento para tentar pressionar os preços para baixo. “Logo depois, o preço da arroba caiu rapidamente, e vimos frigoríficos, inclusive os que não exportam, dizendo que iriam suspender os abates por causa da situação com o mercado americano. Isso, na verdade, tinha o objetivo de pressionar os produtores a vender a carne a preços mais baixos do que a realidade de mercado. Por isso, nossa manifestação é clara: o impacto econômico não será tão grande assim”, explica.

O presidente da associação faz um alerta aos produtores para que não se deixem levar por rumores e tentativas de manipulação de preços

No entanto, Matos garante que o mercado se ajustará. Ele pede calma aos pecuaristas e lembra que, caso a crise no mercado americano se agrave, a carne brasileira pode ser facilmente redirecionada para outros mercados consumidores, como China e outros países da Ásia e Europa.

Qualidade da carne de MS se mantém como diferencial - O presidente da Nelore-MS também sublinha que a qualidade da carne produzida em Mato Grosso do Sul, somada à experiência das grandes indústrias frigoríficas do Brasil, garante estabilidade ao mercado. “Contudo, a indústria da carne e da proteína animal no Brasil é extremamente robusta. Hoje, talvez um dos três maiores grupos empresariais do país esteja envolvido nesse setor, com empresas que têm vasta experiência no mercado e contratos de importação e exportação com critérios e características bem definidos. Não acredito que essa situação vá causar uma ruptura unilateral. Acredito, sim, que, com o tempo, o mercado vai se ajustar", afirma.

Porém, apesar do cenário otimista, Matos reconhece que o mercado interno ainda sofre pressões. "A indústria frigorífica e o varejo têm grande poder de influência sobre os preços. Mesmo quando o preço da arroba do boi cai, a carne no supermercado não acompanha essa queda”, observa.

O presidente da associação faz um alerta aos produtores para que não se deixem levar por rumores e tentativas de manipulação de preços. “O produtor é quem mais sofre com as flutuações de preço, mas ele precisa manter a calma e fazer as vendas de maneira estratégica para não prejudicar seus negócios", conclui Matos.

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