A Secretaria de Política Econômica (SPE), vinculada ao Ministério da Fazenda, divulgou nesta segunda-feira (1º) que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil em 2024 foi estimado em 2,6%. O número representa a capacidade de crescimento da economia sem provocar pressão inflacionária.
Além dos métodos tradicionais, a SPE incluiu no cálculo fatores naturais como a capacidade de geração de energia elétrica e a extensão de terras agricultáveis. A proposta, segundo o relatório, é capturar aspectos estruturais da economia brasileira que dependem fortemente de seus recursos naturais.
"Esses fatores naturais permitem capturar ganhos potenciais associados à disponibilidade e à qualidade dos recursos ambientais, relevantes para economias dependentes de riquezas naturais como a brasileira", destaca o documento.
Hiato do produto ficou em 0,4% - A diferença entre o PIB real, o que foi efetivamente produzido no país e o PIB potencial, chamada de “hiato do produto”, foi de 0,4% em 2024. Esse número indica que o Brasil produziu próximo da sua capacidade máxima sem gerar desequilíbrios significativos, como uma inflação mais alta.
De acordo com a análise da SPE, o hiato foi influenciado principalmente pela utilização da mão de obra acima do nível considerado sustentável a longo prazo. O relatório também associa esse dado à recente redução da taxa de desemprego, que está próxima dos níveis mais baixos da história.
“O hiato da SPE se mostrou menos aberto em 2024 comparativamente aos demais. Essa menor abertura, junto com a estimativa de redução recente na taxa de desemprego de equilíbrio observada nas estimações, auxiliam em conjunto a explicar a menor inflação de serviços subjacentes frente àquela que seria prevista com o quadro de desemprego atual", explica o texto.
Capital humano e agropecuária impulsionam potencial - Entre os principais vetores de crescimento do PIB potencial estão o capital humano — que inclui a força de trabalho qualificada e o aumento da área colhida no setor agropecuário. Esses componentes são considerados cruciais para sustentar o avanço econômico sem gerar desequilíbrios.
A SPE aponta que, com a incorporação de variáveis mais complexas, é possível ter uma leitura mais precisa da economia brasileira e de seus limites estruturais. A intenção, segundo o Ministério da Fazenda, é que novos indicadores passem a compor o cálculo nos próximos anos.
Novas variáveis entrarão nos próximos cálculos - O relatório ainda indica que, futuramente, o governo pretende incluir no cálculo do PIB potencial os dados relacionados à produção de hidrocarbonetos e biocombustíveis. A proposta é que o índice ganhe robustez e reflita mais fielmente o potencial de crescimento de uma economia movida, em grande parte, por energia e produção agrícola.
Embora a intenção de avançar na metodologia esteja clara, ainda não há uma data definida para que esses novos modelos comecem a ser utilizados em estimativas futuras.
