
As tarifas impostas pelos Estados Unidos a uma série de países continuarão valendo por tempo indeterminado, mesmo com as negociações comerciais em curso. A informação foi confirmada neste domingo, 3, pelo representante comercial do governo americano, Jamieson Greer, em entrevista ao programa Face the Nation, da emissora CBS.

Segundo Greer, não há expectativa de recuo nas novas taxas estabelecidas pelo presidente Donald Trump na última sexta-feira, 1º, por meio de um decreto que altera significativamente os encargos sobre produtos importados de diversos países.
Brasil e Canadá entre os mais afetados
Entre as medidas anunciadas, o Brasil foi um dos países mais impactados, com a aplicação de uma tarifa de 50% sobre determinados produtos, exceto em casos específicos ainda não detalhados. O Canadá enfrentará taxas de 35%, enquanto produtos da Índia, Taiwan e Suíça serão taxados em 25%, 20% e 39%, respectivamente.
As novas tarifas fazem parte da estratégia do governo Trump de pressionar parceiros comerciais em meio a disputas envolvendo balança comercial e acesso a mercados estratégicos. “Muitas dessas tarifas fazem parte de acordos — alguns já públicos, outros ainda confidenciais”, explicou Greer.
Taxas não devem ser revistas
Apesar de negociações em andamento com diversos países, Greer indicou que não há espaço, neste momento, para revisão das tarifas impostas. “Essas taxas estão praticamente definidas. Em alguns casos, o porcentual varia conforme o grau de déficit ou superávit comercial com os Estados Unidos”, disse ele.
A postura firme da Casa Branca contrasta com outras ocasiões recentes em que houve flexibilização, como no caso da União Europeia, quando tarifas foram revistas como parte de um acordo. Agora, segundo Greer, o foco é manter a pressão econômica e garantir vantagem estratégica em negociações bilaterais.
China e cadeia de suprimentos de terras raras
Durante a entrevista, Greer também abordou as conversas em curso com a China. De acordo com o representante, os avanços vêm sendo positivos, especialmente em temas sensíveis para a indústria americana, como o fornecimento de ímãs e minerais de terras raras — insumos fundamentais para o setor de tecnologia e defesa.
“Estamos tratando da cadeia de suprimentos desses materiais com atenção especial. Nosso objetivo é assegurar que o fluxo continue estável e previsível. Diria que já percorremos metade do caminho nesse processo com os chineses”, declarou.
Cenário tenso no comércio global
As decisões recentes do governo Trump reforçam a tensão no comércio internacional, afetando não apenas países diretamente impactados pelas tarifas, mas também cadeias produtivas globais que dependem da fluidez nas trocas entre mercados.
Analistas apontam que o endurecimento das medidas tarifárias pode gerar retaliações ou represálias por parte de parceiros comerciais, além de provocar instabilidade em setores sensíveis da economia global. Apesar disso, o governo dos EUA mantém o discurso de que a prioridade é reequilibrar relações comerciais consideradas “desfavoráveis” ao país.
Repercussão no Brasil
A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acendeu o alerta em setores da indústria e do agronegócio. Embora o governo americano tenha sinalizado “algumas exceções”, ainda não está claro quais setores serão preservados.
Empresas exportadoras brasileiras aguardam detalhes sobre os produtos afetados e eventuais possibilidades de negociação por meio de acordos bilaterais ou via organismos internacionais. Até o momento, o governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre as medidas.
