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TARIFAÇO

Secretário dos EUA confirma que tarifa de 50% sobre produtos do Brasil entrará em vigor em agosto

Declaração frustra tentativa de senadores brasileiros de adiar sanção e aumenta tensão diplomática entre os dois países

27 julho 2025 - 13h25
Secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, participa do programa Fox News Sunday com Shannon Bream
Secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, participa do programa Fox News Sunday com Shannon Bream - Reuters

Em meio à missão oficial de senadores brasileiros a Washington, o governo dos Estados Unidos deu um sinal claro de que não pretende recuar na aplicação de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. Neste sábado (27), o secretário de Comércio dos EUA afirmou publicamente que a medida entrará em vigor conforme previsto, a partir de 1º de agosto, frustrando as expectativas de adiamento levantadas pelas autoridades brasileiras.

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“A decisão está tomada. As tarifas entrarão em vigor na data estabelecida e não há planos de adiamento”, declarou o secretário durante um evento fechado com representantes do setor industrial americano. A fala foi confirmada por sua assessoria à imprensa local e repercutiu entre os membros da comitiva brasileira, que buscam alternativas para reverter a sanção.

Senadores brasileiros tentam articulação de última hora

A declaração oficial cai como um balde de água fria nas articulações lideradas pelos senadores brasileiros em solo americano. Desde o início da missão, os parlamentares vêm buscando apoio de representantes do Congresso dos EUA e do setor produtivo para tentar barrar ou, ao menos, adiar a medida.

No sábado, parlamentares como Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP) participaram de reuniões preparatórias e reforçaram a importância de um esforço institucional para mostrar que a tarifa compromete relações bilaterais e afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira.

Com a confirmação da medida por parte do governo norte-americano, a agenda da missão deve ganhar um tom mais político e diplomático, com foco na tentativa de reverter a decisão por meio de articulações no Congresso americano.

Tarifa afeta produtos-chave da economia brasileira

A tarifa anunciada pelos Estados Unidos incidirá sobre diversos produtos brasileiros, principalmente ligados ao agronegócio, siderurgia e mineração. A medida, segundo o governo americano, é uma resposta a “práticas comerciais injustas” por parte do Brasil, embora o processo de investigação conduzido pelo Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR) ainda não tenha sido finalizado.

Há expectativa de que o presidente Donald Trump assine, nos próximos dias, uma ordem executiva que formalize a imposição da tarifa sem necessidade de conclusão do inquérito do USTR, como forma de agilizar a implementação.

Críticas crescem nos EUA e no Brasil

Mesmo dentro dos Estados Unidos, a decisão é alvo de críticas. Senadores norte-americanos enviaram recentemente uma carta ao presidente Trump pedindo a suspensão da medida. No documento, classificaram a iniciativa como um “abuso de poder” e alertaram para os riscos de abrir precedentes jurídicos perigosos e acirrar disputas comerciais desnecessárias.

No Brasil, a reação também é de apreensão. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades ligadas ao comércio exterior manifestaram preocupação com os impactos diretos da medida na balança comercial e nas exportações brasileiras.

Reação brasileira deve envolver Itamaraty e setores econômicos

Com a confirmação de que não haverá adiamento, a expectativa é de que o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, adote uma resposta diplomática mais firme. O Ministério das Relações Exteriores avalia convocar o embaixador dos EUA no Brasil para prestar esclarecimentos, enquanto representantes da indústria pressionam por medidas de retaliação ou negociação direta no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).

A missão dos senadores brasileiros continua até o fim da próxima semana, com reuniões previstas com empresários e parlamentares americanos. No entanto, com a posição oficial do governo dos EUA já tornada pública, o espaço de manobra da comitiva brasileira parece mais limitado.

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