
Em meio à missão oficial de senadores brasileiros a Washington, o governo dos Estados Unidos deu um sinal claro de que não pretende recuar na aplicação de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. Neste sábado (27), o secretário de Comércio dos EUA afirmou publicamente que a medida entrará em vigor conforme previsto, a partir de 1º de agosto, frustrando as expectativas de adiamento levantadas pelas autoridades brasileiras.

“A decisão está tomada. As tarifas entrarão em vigor na data estabelecida e não há planos de adiamento”, declarou o secretário durante um evento fechado com representantes do setor industrial americano. A fala foi confirmada por sua assessoria à imprensa local e repercutiu entre os membros da comitiva brasileira, que buscam alternativas para reverter a sanção.
Senadores brasileiros tentam articulação de última hora
A declaração oficial cai como um balde de água fria nas articulações lideradas pelos senadores brasileiros em solo americano. Desde o início da missão, os parlamentares vêm buscando apoio de representantes do Congresso dos EUA e do setor produtivo para tentar barrar ou, ao menos, adiar a medida.
No sábado, parlamentares como Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP) participaram de reuniões preparatórias e reforçaram a importância de um esforço institucional para mostrar que a tarifa compromete relações bilaterais e afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira.
Com a confirmação da medida por parte do governo norte-americano, a agenda da missão deve ganhar um tom mais político e diplomático, com foco na tentativa de reverter a decisão por meio de articulações no Congresso americano.
Tarifa afeta produtos-chave da economia brasileira
A tarifa anunciada pelos Estados Unidos incidirá sobre diversos produtos brasileiros, principalmente ligados ao agronegócio, siderurgia e mineração. A medida, segundo o governo americano, é uma resposta a “práticas comerciais injustas” por parte do Brasil, embora o processo de investigação conduzido pelo Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR) ainda não tenha sido finalizado.
Há expectativa de que o presidente Donald Trump assine, nos próximos dias, uma ordem executiva que formalize a imposição da tarifa sem necessidade de conclusão do inquérito do USTR, como forma de agilizar a implementação.
Críticas crescem nos EUA e no Brasil
Mesmo dentro dos Estados Unidos, a decisão é alvo de críticas. Senadores norte-americanos enviaram recentemente uma carta ao presidente Trump pedindo a suspensão da medida. No documento, classificaram a iniciativa como um “abuso de poder” e alertaram para os riscos de abrir precedentes jurídicos perigosos e acirrar disputas comerciais desnecessárias.
No Brasil, a reação também é de apreensão. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades ligadas ao comércio exterior manifestaram preocupação com os impactos diretos da medida na balança comercial e nas exportações brasileiras.
Reação brasileira deve envolver Itamaraty e setores econômicos
Com a confirmação de que não haverá adiamento, a expectativa é de que o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, adote uma resposta diplomática mais firme. O Ministério das Relações Exteriores avalia convocar o embaixador dos EUA no Brasil para prestar esclarecimentos, enquanto representantes da indústria pressionam por medidas de retaliação ou negociação direta no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A missão dos senadores brasileiros continua até o fim da próxima semana, com reuniões previstas com empresários e parlamentares americanos. No entanto, com a posição oficial do governo dos EUA já tornada pública, o espaço de manobra da comitiva brasileira parece mais limitado.
