
O mês de novembro trouxe um pequeno alívio no orçamento das famílias brasileiras, com uma leve queda no índice de endividamento. Segundo a mais recente pesquisa sobre o perfil do consumidor, o percentual de lares com dívidas caiu de 79,5% em outubro para 79,2% em novembro. Apesar da redução, o número ainda é superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando 77% das famílias estavam endividadas.
A inadimplência, que atingira patamar recorde de 30,5% em outubro, também teve leve retração, ficando em 30%. Já o percentual de famílias que afirmam não ter condições de quitar as dívidas em atraso passou de 13,2% para 12,9%, retornando ao mesmo nível de novembro do ano anterior.
Menos famílias com dívidas altas, mais com dívidas longas - Os dados mostram uma mudança no perfil do endividamento: diminuiu o número de famílias que se consideram “muito endividadas”, atualmente em 16%, enquanto cresceu a parcela dos que se dizem “pouco endividados”, que agora representam 32,8% do total. Isso pode indicar um esforço de renegociação ou melhor planejamento financeiro.
Entre os destaques positivos, estão as famílias com renda entre três e cinco salários mínimos, que apresentaram a maior redução proporcional tanto na inadimplência quanto na percepção de incapacidade de pagamento das dívidas em atraso.
Por outro lado, aumentou o número de famílias com dívidas que se arrastam por mais de um ano: são 32,1% do total. O comprometimento médio da renda com dívidas ficou em 29,5%, com 18,8% das famílias comprometendo mais da metade do que recebem com pagamento de parcelas. A maioria segue na faixa entre 11% e 50% da renda comprometida.
Fatores sazonais e controle do consumo ajudaram na retração - O pagamento da segunda parcela do 13º salário e a busca por promoções em datas como a Black Friday influenciaram o comportamento do consumidor. Muitos brasileiros aproveitaram a renda extra para quitar dívidas e aliviar o orçamento, especialmente diante das altas taxas de juros que encarecem o crédito, em especial o rotativo do cartão.
O recuo na inadimplência por mais de 90 dias, que passou de 49% para 48,5%, também contribuiu para reduzir o impacto dos juros acumulados. Ainda assim, o nível segue elevado e exige cautela.
Expectativa é de novo aumento até o fim do ano - Apesar dos dados ligeiramente mais positivos, a perspectiva é de que 2025 se encerre com aumento tanto no número de famílias endividadas quanto inadimplentes. A previsão é de crescimento de 2,4 pontos percentuais no endividamento e de 0,5 ponto na inadimplência em relação ao final de 2024.
Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à educação financeira e à ampliação do acesso a modalidades de crédito com juros mais baixos, como o consignado. Também exige atenção dos consumidores com o planejamento de gastos, especialmente em períodos de festas e compras como o fim de ano.

