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TRUMP E BOLSONARO

Em carta a Bolsonaro, Trump volta vincular taxa a processo do golpe

Presidente americano publicou carta em sua rede social, 'Truth', exigindo que julgamento da ação penal de Bolsonaro no STF por golpe de Estado 'deve terminar imediatamente'

18 julho 2025 - 06h55Redação, O Estado de S. Paulo
O presidente dos EUA Donaldo Trump mandou carta a Jair Bolsonaro
O presidente dos EUA Donaldo Trump mandou carta a Jair Bolsonaro - (Foto: Alex Brandon/AP)

Apesar de a carta enviada pela diplomacia brasileira ao governo americano ter pedido o retorno de negociações "técnicas" sobre o tarifaço, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou nesta quinta-feira, 17, a insistir na tese política para aplicar uma taxa de 50% aos produtos do Brasil. Segundo ele, a medida é uma "manifestação de desaprovação" em relação à ação penal do golpe de Estado, que tem como réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores próximos, incluindo militares.

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"Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária", escreveu o americano em uma carta publicada na Truth Media e endereçada a Bolsonaro. "É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude seu rumo, pare de atacar oponentes políticos e coloque fim ao ridículo regime de censura", disse o presidente americano.

Trump afirmou ainda que está "muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão - tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos - provenientes do atual governo", em nova crítica a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que atingem redes sociais que têm sede nos EUA.

O presidente americano disse não se surpreender que Bolsonaro "lidere nas pesquisas" de intenção de voto, e afirmou que o ex-presidente sofre "tratamento terrível pelas mãos de um sistema injusto que se voltou" contra ele.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem aponta que Bolsonaro - que está legalmente inelegível - perderia a eleição em segundo turno se disputasse com Lula, que teria 43% ante 37% do ex-presidente.

Imprensa americana

Reportagem publicada ontem pelo jornal The Washington Post mostra que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, "está trabalhando em estreita colaboração com a Casa Branca para impor sanções" ao ministro Alexandre de Moraes, que julga o caso da tentativa de golpe de Estado no Supremo.

De acordo com o jornal americano, após o tarifaço, Eduardo pressiona Trump "a ir mais longe" e cita um vídeo gravado pelo deputado em frente à Casa Branca e publicado nas redes sociais, na quarta-feira, em que ele disse que saía de uma "rodada de reuniões com autoridades americanas". "As coisas estão acontecendo neste exato momento", disse Eduardo, referindo-se às sanções contra Moraes. "Decisões estão sendo tomadas."

O Post relata que, "ao lado dele no vídeo, estava Paulo Figueiredo, um influenciador brasileiro de direita que foi acusado de participar do suposto plano de golpe". "Figueiredo disse que sanções a 'aliados e apoiadores' de Moraes também foram discutidas. As tarifas de Trump, disse ele, foram o início de uma jornada que pode ser sombria para o Brasil", diz o jornal americano na reportagem.

Veja a íntegra da carta de Trump a Bolsonaro

''Ao Honorável

Jair Messias Bolsonaro

38º Presidente da República Federativa do Brasil

Brasília

Prezado Sr. Bolsonaro:

Vi o tratamento terrível que você está recebendo pelas mãos de um sistema injusto que se voltou contra você. Esse julgamento deve terminar imediatamente! Não me surpreende vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.

Compartilho seu compromisso em ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — provenientes do atual governo. Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar os opositores políticos e encerre esse regime ridículo de censura. Estarei observando atentamente.

Atenciosamente,

DONALD J. TRUMP

PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA"

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