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20 de outubro de 2025 - 21h36
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ECONOMIA

Maersk planeja iniciar negociações para uso de etanol em navios ainda neste ano

Testes com mistura de 10% de etanol foram bem-sucedidos e abrem caminho para parcerias comerciais com o Brasil, diz executivo

20 outubro 2025 - 19h00Talita Nascimento
Maersk deve iniciar em breve negociações com produtores brasileiros para uso de etanol sustentável em navios.
Maersk deve iniciar em breve negociações com produtores brasileiros para uso de etanol sustentável em navios. - (Foto: Divulgação)

A gigante global de transporte marítimo Maersk pode começar, dentro de um mês, as negociações comerciais com produtores brasileiros para a compra de etanol destinado ao uso em sua frota de navios. A informação foi confirmada por Danilo Veras, vice-presidente de Políticas Regulatórias da Maersk na América Latina, que afirmou que os testes com a mistura de 10% de etanol nos combustíveis já foram concluídos com sucesso do ponto de vista técnico.

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“As discussões serão voltadas para a sustentabilidade. Quem for nos fornecer precisa provar ser sustentável”, afirmou Veras, destacando que a empresa está focada em garantir que a origem do etanol não envolva desmatamento ou impactos ambientais negativos.

Foco em sustentabilidade e certificações ambientais - A Maersk está entre as líderes globais na transição energética do transporte marítimo e tem apostado em combustíveis alternativos para reduzir sua pegada de carbono. O executivo reforçou que, para que o etanol se torne uma alternativa viável e de escala para o setor, será necessário comprovar sua produção com certificações ambientais rigorosas, especialmente no que diz respeito ao uso da terra.

Segundo Veras, o etanol brasileiro pode desempenhar um papel estratégico nessa transição, desde que cumpra os requisitos de rastreabilidade e baixo impacto ambiental. A empresa já opera com 17 navios equipados com tecnologia flex da Everllance, compatíveis com a mistura de etanol, e a meta é chegar a 25 embarcações nos próximos 12 meses.

Potencial global e impacto na produção brasileira - Caso toda a indústria de navegação adote a mistura de 10% de etanol, seriam necessários cerca de 30 milhões de toneladas do biocombustível — o equivalente a 50 bilhões de litros. A Maersk, que atualmente detém aproximadamente 15% do mercado global de transporte marítimo, teria uma demanda proporcionalmente relevante dentro desse cenário.

Morten Bo Christiansen, vice-presidente sênior da Maersk para Transição Energética, destacou que o uso de etanol poderá chegar, no futuro, a até 100% dos combustíveis utilizados, o que representa uma mudança drástica na matriz energética do setor.

Embora a Organização Marítima Internacional (IMO) tenha adiado em um ano a implementação da meta de emissões líquidas zero (Net-zero), a Maersk garante que isso não afeta seus planos de longo prazo.

Produção pode crescer sem desmatamento, diz Atvos - Para atender a essa possível demanda crescente, o Brasil conta com vantagens competitivas importantes. Segundo Caio Dafico, vice-presidente de Novos Negócios da Atvos, o etanol produzido no país emite cerca de 80% menos carbono do que o bunker — o combustível fóssil tradicional usado em navios. Ele também defende que é possível quadruplicar a produção nacional sem necessidade de desmatamento, apenas utilizando terras já destinadas ao agronegócio e otimizando processos produtivos.

A afirmação é reforçada por estudos do setor que apontam o etanol como um dos biocombustíveis mais eficientes do mundo, com grande potencial para contribuir com metas globais de descarbonização.

Brasil no radar da transição energética marítima - Com a possível ampliação do uso de etanol nos navios da Maersk, o Brasil se coloca como um parceiro estratégico na nova matriz energética do setor naval. A expectativa é que, além das negociações comerciais, as próximas etapas incluam também alinhamento técnico, certificações e garantias de sustentabilidade.

A entrada do etanol brasileiro no transporte marítimo global pode se tornar um novo vetor de exportação e um importante ativo na agenda climática internacional, consolidando o país como fornecedor de soluções verdes em escala global.

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