
A Eletrobras está se organizando para disputar o leilão de contratação de potência que pode acontecer em março de 2026, após o cancelamento do certame que era esperado para junho deste ano. A sinalização foi dada nesta terça-feira, 26, pelo gerente de Ativos Ambientais de Engenharia da Eletrobras, Renê Reis, ao comentar a estratégia da companhia diante do novo calendário proposto pelo governo. “É uma sinalização positiva. Nós já estávamos preparados com alguns projetos contando com a previsão de junho e como ainda não foi realizado, a Eletrobras continua ampliando a sua carteira para que esteja mais competitiva ainda quando o certame for realizado”, afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A fala ocorreu durante o 2º Seminário de Licenciamento Ambiental para o setor de Energia, promovido pela FGV Energia, e ecoa a expectativa do mercado desde a última sexta-feira, 22, quando o Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta pública uma proposta para dois leilões de potência com previsão de março de 2026. O objetivo é contratar lastro para o sistema, movimento aguardado diante da crescente participação de fontes eólica e solar.
O que está em jogo no novo calendário
A retomada da agenda de leilões de potência ganhou tração após o cancelamento do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), que era esperado para junho. A suspensão frustrou agentes que, como a Eletrobras, já estavam com projetos e estudos adiantados. Agora, com a consulta pública do MME prevendo dois certames no início de 2026, a leitura entre investidores e desenvolvedores é de que há tempo para equalizar projetos, licenças e estruturação financeira — e, ao mesmo tempo, manter a competitividade.
Sem detalhar portfólio, a Eletrobras dá um recado direto ao mercado: não interrompeu a preparação quando o certame de junho não aconteceu e, ao contrário, reforçou a carteira. A mensagem de Renê Reis sublinha essa linha de ação, ao destacar o esforço contínuo para que a companhia chegue “mais competitiva” ao momento do leilão.
Sinalização e resposta ao avanço de eólicas e solares
A proposta do MME de levar dois leilões à praça com previsão para março de 2026 é lida como resposta ao desafio de garantir potência firme em um sistema que tem visto rápida expansão de fontes intermitentes — caso da eólica e da solar. Ainda que essas fontes ampliem a oferta de energia e contribuam para a diversificação da matriz, a contratação de potência busca assegurar capacidade disponível para atender picos de demanda e momentos de baixa geração variável.
Nesse contexto, o posicionamento público da Eletrobras indica que a empresa pretende ocupar espaço relevante nessa agenda, combinando projetos previamente mapeados com novas oportunidades em estruturação. A ampliação da carteira mencionada por Reis sugere que a companhia trabalha em frentes paralelas para entregar robustez técnica, maturidade ambiental e competitividade econômica no momento da disputa.
Licenciamento ambiental no foco
A presença de Renê Reis no seminário da FGV Energia sinaliza outro vetor decisivo para os projetos de potência: licenciamento ambiental. Em certames de grande porte e prazos definidos, o avanço de licenças é frequentemente um diferencial competitivo, pois reduz incertezas e confere previsibilidade à execução. Embora não tenha detalhado trâmites específicos, o executivo associou diretamente o preparo da Eletrobras à ampliação da carteira, etapa que, no setor, costuma caminhar junto com frentes de licenciamento, engenharia e suprimentos.
O desenho competitivo, neste tipo de leilão, não se resume à tarifa ofertada. Cronograma, viabilidade ambiental, logística, segurança de suprimentos e performance operacional contam pontos decisivos. A declaração de Reis indica que a Eletrobras trabalha para equilibrar esses vetores com antecedência, sobretudo após o adiamento do certame de junho.
Consulta pública do MME e expectativas do setor
A consulta pública aberta em 22 pelo MME propõe dois leilões com previsão para março de 2026, voltados à contratação de potência. A medida era aguardada por agentes setoriais que viam a necessidade de balizar investimentos e planejar expansão com base em regras claras e horizonte temporal definido. Em linhas gerais, a contratação de potência busca remunerar a disponibilidade, o que, do ponto de vista do sistema, é uma ferramenta para equilibrar a maior participação de fontes de geração que não despacham continuamente.
A Eletrobras, ao afirmar que mantinha projetos “contando com a previsão de junho”, indica que já havia planejamento de oferta na mesa. A frustração do leilão anterior não fez a empresa paralisar; ao contrário, as equipes seguiram ajustando o portfólio para disputar com mais fôlego quando a oportunidade vier — e agora o horizonte está ancorado na janela de março de 2026.
Estratégia em construção: ampliar para competir
Sem abrir números nem locais, a estratégia expressa pela Eletrobras se apoia em dois pilares: manter prontidão e expandir opções. Se um conjunto de projetos já estava maduro para o certame de junho, a janela adicional serve para:
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Aprimorar competitividade (engenharia, CAPEX/OPEX, logística);
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Avançar licenciamentos e mitigar riscos;
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Completar análises técnico-ambientais;
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Diversificar a cesta de empreendimentos para responder a diferentes regras do edital;
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Ajustar cronogramas às condições de suprimentos, construção e comissionamento.
A fala de Renê Reis encapsula esse movimento: “É uma sinalização positiva... a Eletrobras continua ampliando a sua carteira para que esteja mais competitiva ainda quando o certame for realizado”. Em um mercado em que tempo e previsibilidade regulatória são moedas fortes, a ampliação da carteira funciona como seguro competitivo — permite calibrar propostas e reduzir exposição a eventuais mudanças de edital ou de premissas macroeconômicas.
Impactos do cancelamento do certame de junho
O cancelamento do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), que estava na agenda de junho, interrompeu uma trajetória de expectativa criada por agentes públicos e privados. Para empresas com projetos em linha de partida, o adiamento natural de receitas projetadas e a necessidade de replanejar cronogramas impuseram ajustes. Em contrapartida, a abertura de consulta para dois leilões em 2026 reordena o calendário e oferece um novo ponto focal para decisões de investimento.
Nesse período, fabricantes, construtoras, integradores e financiadores tendem a reposicionar compromissos, buscando sincronizar suas carteiras ao cronograma público. A Eletrobras, por sua vez, avisa que não saiu de campo: reforçou a preparação e se diz pronta a disputar quando o sinal verde for dado.
Declarações e contexto institucional
A relação entre planejamento setorial e execução empresarial é central em agendas de potência. Ao comentar o novo cronograma, Renê Reis reforçou o tom colaborativo entre agente privado e agenda pública, sem antecipar detalhes de projetos. O recado, porém, é claro: há apetite competitivo. E foi dado num ambiente — o seminário da FGV Energia — justamente voltado a discutir licenciamento e boas práticas regulatórias e ambientais.
A convergência entre consulta pública do MME, interesse do mercado e preparo de agentes relevantes como a Eletrobras tende a dar tração ao tema nos próximos meses, enquanto a proposta é discutida e ajustada com contribuições técnicas do setor.
Próximos passos
Com a consulta pública em curso e a previsão indicativa de março de 2026 para os dois leilões, o caminho imediato é de debate técnico e aprimoramento regulatório. Do lado corporativo, o foco está em refinar portfólios, alinhar licenças e validar engenharia — passos que, somados, ampliam as chances de entrega com qualidade e prazo.
A Eletrobras, por sua vez, sustenta que seguirá expandindo sua carteira. O discurso de Renê Reis traduz a lógica de quem busca chegar com múltiplas alternativas à etapa de lances, mantendo margem de manobra para adequar configurações às regras finais do edital. Ao fim, vence quem melhor equilibrar custo, prazo, risco ambiental e confiabilidade — elementos que estão no cerne da contratação de potência.
O que disse a Eletrobras
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“É uma sinalização positiva. Nós já estávamos preparados com alguns projetos contando com a previsão de junho e como ainda não foi realizado, a Eletrobras continua ampliando a sua carteira para que esteja mais competitiva ainda quando o certame for realizado”, afirmou Renê Reis.
A mensagem resume a estratégia: persistência, escala de portfólio e competitividade como trilhos para disputar espaço em um leilão que ganhou nova data indicativa.
