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Dólar fecha acima de R$ 5,30 com aversão ao risco e cautela sobre dados dos EUA

Alta da moeda americana foi puxada por tensão nos mercados globais e expectativa por indicadores represados após o apagão de dados nos EUA

17 novembro 2025 - 18h45Antonio Perez
Cotação do dólar voltou a superar os R$ 5,30 nesta segunda-feira (17), em meio a incertezas globais e expectativa por dados econômicos dos EUA.
Cotação do dólar voltou a superar os R$ 5,30 nesta segunda-feira (17), em meio a incertezas globais e expectativa por dados econômicos dos EUA. - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O dólar iniciou a semana com forte valorização e voltou a fechar acima dos R$ 5,30 nesta segunda-feira (17), após quatro sessões de queda. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 5,3310, com alta de 0,64%, no maior patamar de fechamento em dez dias.

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O movimento reflete um cenário global de maior aversão ao risco. As bolsas de Nova York registraram forte recuo diante de preocupações com uma possível bolha no setor de tecnologia, o que impulsionou a busca por ativos considerados mais seguros — como o dólar. Esse ambiente externo mais tenso teve impacto direto no câmbio brasileiro, que vinha de uma sequência de apreciação do real.

No radar dos investidores, está a expectativa em torno da divulgação de importantes indicadores econômicos nos Estados Unidos, represados após o shutdown de 43 dias no governo americano, que causou um "apagão" estatístico. O principal dado aguardado é o relatório de emprego (payroll) de setembro, previsto para esta quinta-feira (20). A data coincide com o feriado do Dia da Consciência Negra no Brasil, o que aumenta a cautela no mercado doméstico.

Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, o atraso na divulgação desses dados aumenta a incerteza e limita a tomada de risco por parte dos agentes financeiros. “É preciso ver o que os números vão revelar até para saber se pode haver espaço para mais cortes de juros pelo Federal Reserve”, afirma.

A cautela também está relacionada à divulgação da ata do último encontro do Fed, marcada para quarta-feira (19). Na reunião de outubro, o banco central americano reduziu os juros em 25 pontos-base, mas o presidente da instituição, Jerome Powell, destacou que novos cortes não estavam garantidos. Desde então, dirigentes do Fed adotaram discursos divergentes sobre os próximos passos da política monetária, o que elevou ainda mais o nível de incerteza.

O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, afirmou que a economia americana perdeu força no último trimestre devido ao shutdown, mas classificou os efeitos como "temporários". Ele reforçou que a política monetária continua restritiva, embora próxima do nível neutro.

No mercado internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, subia cerca de 0,25% no fim da tarde, próximo aos 99,560 pontos. O iene foi um dos destaques negativos do dia, com queda superior a 0,40%, após o PIB do Japão registrar retração no terceiro trimestre — a primeira em um ano e meio.

No cenário latino-americano, o real foi influenciado pelo comportamento de moedas de países como México, Colômbia, Austrália e China. Segundo José Faria Júnior, sócio-diretor da Wagner Investimentos, o desempenho da moeda brasileira tende a seguir a trajetória dessas divisas, que fecharam a semana passada no maior patamar do ano frente ao dólar.

Apesar da alta registrada nesta segunda, o dólar ainda acumula queda de 0,92% em novembro. No mês anterior, houve valorização de 1,08%. No acumulado de 2025, a moeda americana recua 13,74%.

O Banco Central atuou no câmbio pela manhã, ofertando integralmente US$ 1,25 bilhão em leilão de linha, operação que visa rolar o vencimento de contratos cambiais com vencimento marcado para 2 de dezembro. A medida busca manter a liquidez no mercado diante da elevação das remessas ao exterior, que costuma aumentar nesta época do ano.

Com a agenda econômica carregada e o ambiente externo incerto, os próximos dias prometem alta volatilidade nos mercados. A postura do Fed diante dos dados atrasados e o comportamento das bolsas globais devem continuar ditando o rumo do dólar frente ao real.

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