
Nesta segunda-feira, 18, o dólar avançou no mercado local, ultrapassando os R$ 5,40, impulsionado pela valorização da moeda norte-americana no exterior. O movimento reflete uma correção após um período de depreciação da divisa, sem indicadores econômicos de grande impacto, o que gerou cautela entre os investidores e levou à realização de lucros.

O foco do mercado está em possíveis sinais de afrouxamento monetário nos EUA, com investidores aguardando a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed) na próxima quarta-feira, 20, e o esperado discurso do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, 22.
O dólar à vista alcançou R$ 5,4445, registrando uma alta de 0,67%, fechando o dia em R$ 5,4344. No entanto, a moeda recua 2,97% no mês e 12,07% no ano, com o real se destacando como uma das moedas emergentes mais valorizadas em 2025.
Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, comentou sobre a realização de lucros, lembrando que o dólar chegou a atingir R$ 5,38 na semana passada e acumula uma queda significativa no ano. "A inflação ao produtor mais forte nos EUA no fim da semana passada deixou o mercado mais cauteloso em relação a um possível corte de juros pelo Fed", afirmou.
O Dollar Index (DXY), indicador que mede o desempenho do dólar frente a seis outras moedas fortes, superou os 98.000 pontos, refletindo o fortalecimento da moeda. Juros dos Treasuries também subiram moderadamente.
Em paralelo, o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu ações "muito positivas" e garantiu a segurança dos ucranianos em caso de cessar-fogo com a Rússia. Trump sugeriu a realização de um encontro entre ele, o presidente ucraniano Zelensky e o presidente russo Putin. Zelensky descreveu a conversa como "ótima", o que levou a um breve alívio nos mercados.
Para Chiumento, o fim do conflito poderia reduzir os preços do petróleo e a inflação global, mas, no curto prazo, ele espera que as tensões permaneçam devido às políticas tarifárias de Trump.
A expectativa para o futuro próximo está atrelada à postura do Fed, principalmente com o discurso de Powell. "Se o Fed adotar uma postura mais dovish, podemos ver o dólar recuar, pois o carry trade continua atrativo", conclui Chiumento.
No Brasil, o Banco Central se mantém firme em sua política de juros elevados, com Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, desautorizando expectativas de um corte da Selic neste ano. Ele destacou que, embora a atividade econômica mostre sinais de desaceleração, ainda está acima do potencial.
Enquanto isso, a desaceleração do IBC-Br, que recuou 0,1% em junho, mostra um desempenho mais fraco da economia, especialmente no setor agropecuário. No entanto, analistas como Bruno Cordeiro, da Kapitalo Investimentos, destacam que o real se beneficia de fatores como a possível alternância de poder no Brasil em 2026 e um cenário externo favorável para os mercados emergentes.
