
O dólar encerrou esta segunda-feira (11) com ligeira valorização frente ao real, em um pregão de liquidez reduzida e pouca variação nos preços. A moeda norte-americana subiu 0,11%, fechando a R$ 5,4420 no mercado à vista, acompanhando o movimento no cenário externo.

Ao longo do dia, a cotação oscilou entre R$ 5,4342 na mínima e R$ 5,4597 na máxima, uma diferença de menos de três centavos. Segundo operadores, o avanço modesto refletiu ajustes técnicos após a queda acumulada de 1,97% na semana passada, influenciada pela expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já em setembro.
Sem agenda relevante no Brasil, os investidores mantiveram cautela e concentraram as atenções no Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de julho nos Estados Unidos, que será divulgado nesta semana. A notícia de que o ex-presidente norte-americano Donald Trump prorrogou em 90 dias as negociações comerciais com a China não teve impacto sobre o câmbio.
Depois de avançar 3,07% em julho, o dólar acumula queda nos sete primeiros pregões de agosto e recua 11,94% no ano frente ao real.
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, o dia foi marcado por “pequenos ajustes” e ausência de fatos relevantes para direcionar o mercado. Ele lembra que o real vem se beneficiando da desvalorização global da moeda americana e da expectativa de Selic em 15% ao ano por um período prolongado, o que atrai operações de carry trade.
Pela manhã, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou em evento da Associação Comercial de São Paulo que não vê as projeções de inflação convergindo para a meta de 3% e reforçou que a autoridade monetária não abrirá mão desse objetivo.
No campo político e comercial, o governo brasileiro prepara um plano de contingência para amenizar o impacto da tarifa de 50% aplicada pelos EUA sobre parte das exportações nacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu o tema com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou à tarde que a reunião com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, marcada para quarta-feira (13), foi cancelada e ainda não tem nova data. Haddad relacionou o cancelamento a declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao Financial Times, em que ele defendeu novas sanções dos EUA a ministros do Supremo Tribunal Federal, após a medida contra Alexandre de Moraes, devido ao processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Rostagno avalia que tensões políticas internas podem limitar a queda do dólar. “Com cortes de juros pelo Fed, é possível ver a taxa de câmbio próxima de R$ 5,40, mas não muito abaixo disso”, disse.
Na área externa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou superávit comercial de US$ 1,286 bilhão na segunda semana de agosto, elevando o saldo do mês para US$ 2,217 bilhões e o acumulado no ano para US$ 39,199 bilhões.
O Bradesco mantém previsão de câmbio em R$ 5,50 no fim de 2025, citando incertezas globais, apesar da tendência recente de enfraquecimento do dólar, que favorece o real.
