
Após operar em baixa durante a manhã em linha com o cenário internacional, o dólar ganhou força ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (15) em alta moderada no mercado brasileiro. A moeda americana fechou cotada a R$ 5,4219, com valorização de 0,21%, depois de oscilar entre a mínima de R$ 5,3812 e a máxima de R$ 5,4258 ao longo do pregão.
Operadores atribuíram a depreciação do real principalmente a um movimento pontual de saída de recursos no mercado à vista, comportamento considerado típico do fim de ano. Nesse período, aumentam as remessas de lucros e dividendos ao exterior, o que tende a pressionar a taxa de câmbio.
Além do fator doméstico, a alta do dólar no período da tarde também acompanhou um movimento externo de fortalecimento da moeda americana frente a divisas de países emergentes e exportadores de commodities, em um dia marcado pela queda nos preços do petróleo.
Outro elemento citado no mercado foi a valorização do iene, diante da expectativa de alta de juros no Japão ainda nesta semana. Esse cenário pode ter provocado ajustes em operações de carry trade envolvendo moedas latino-americanas. Na América do Sul, o peso chileno chegou a cair mais de 1% após a vitória do conservador José Antonio Kast na eleição presidencial do país.
Com o desempenho desta segunda-feira, o dólar acumula alta de 1,63% em dezembro, após ter recuado 0,85% em novembro. No acumulado de 2025, no entanto, a moeda ainda apresenta queda de 12,27%. Nas últimas semanas, moedas como o peso mexicano e o peso colombiano passaram a apresentar desempenho superior ao do real no ano.
O economista sênior do Banco Inter, André Valério, avalia que o ambiente externo segue relativamente favorável, com o dólar marginalmente mais fraco diante da expectativa de continuidade do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos em 2026. “O Federal Reserve está cada vez mais focado no mercado de trabalho”, observa.
Segundo ele, o fluxo de saída de dólares no Brasil, característico do fim do ano, tem mantido o câmbio próximo de R$ 5,40. “Não espero um episódio de desvalorização causado por esse fluxo como visto no ano passado. A expectativa é que o câmbio oscile ao redor de R$ 5,40 até o fim do ano”, afirma Valério.
Já o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, também aponta pressão compradora no mercado à vista para remessas externas. Ele destaca que a liquidez está mais restrita, uma vez que exportadores já internalizaram recursos para cumprir compromissos domésticos típicos do encerramento do ano.
“Talvez nos próximos dias o Banco Central atue para dar liquidez ao mercado, com leilões de linha ou até venda de dólar à vista”, avalia Galhardo. Para ele, além do efeito sazonal, uma eventual alta de juros no Japão pode reduzir temporariamente o apetite por operações de carry trade com o real.
No exterior, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes — operava perto da estabilidade no fim da tarde, em torno dos 98,300 pontos, após ter atingido mínima de 98,136 pontos pela manhã. Já os juros dos Treasuries de dois anos, mais sensíveis às expectativas de política monetária, recuavam pouco mais de 0,40%, na faixa de 3,50%.
No campo monetário, declarações de dirigentes do Federal Reserve também ficaram no radar. O diretor Stephen Miran, indicado pelo ex-presidente Donald Trump, voltou a defender novos cortes de juros. Já o presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que a política monetária americana deixou de ser restritiva e se encontra em posição neutra, considerada adequada para o início de 2026.


