
O dólar comercial avançou no mercado brasileiro nesta terçafeira (16), em contraste com o comportamento da moeda americana no exterior, afetado por indicadores como queda do petróleo e expectativas de juros nos EUA. Na B3, a cotação encerrou a sessão em R$ 5,4630, alta de 0,76%, acumulando cerca de 2,40% de valorização no mês de dezembro. No ano, o dólar ainda está mais baixo que em 2024, com recuo de cerca de 11,6%.
Analistas ouvidos por operadores destacaram duas forças que influenciaram a alta local: o aumento de remessas de lucros e dividendos ao exterior e as incertezas políticas ligadas à corrida presidencial de 2026, em um dia em que pesquisa de intenção de voto foi divulgada.
O movimento de envio de recursos para fora do país costuma ganhar intensidade no final do ano, tanto por decisões empresariais quanto por dúvidas sobre tributação de dividendos após mudanças no Imposto de Renda. Conforme o economistachefe da Monte Bravo, Luciano Costa, esse fluxo pode ter pressionado o câmbio: empresas antecipam pagamentos de lucros a matrizes no exterior, e grandes grupos anunciaram dividendos extraordinários para este fim de ano.
No plano político, rumores sobre os resultados de uma pesquisa — que trazem melhora na avaliação do governo e favoritismo de Lula em simulações de segundo turno — também influenciaram ativos domésticos. Uma das preocupações de parte do mercado é que uma possível reeleição do presidente leve a um cenário fiscal mais frouxo, afetando confiança e investimentos.
Na pesquisa divulgada no início da tarde, as intenções de voto mostram Lula à frente em segundo turno contra adversários como Flávio Bolsonaro (PLRJ) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). A inclusão do nome de Flávio nas simulações foi interpretada por analistas como fator de incerteza adicional: ele e Tarcísio têm intenções de voto próximas, o que pode dispersar o apoio a uma oposição única.
Em relação ao cenário externo, o índice DXY — que mede o dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes — operou em queda, aproximandose de 98,1 pontos ao fim da tarde. A desvalorização da commodity petróleo, que recuou quase 3% e atingiu níveis vistos pela última vez em 2021, também teve impacto sobre moedas ligadas ao setor, como o peso colombiano e a coroa norueguesa.
Um dos eventos da agenda doméstica desta semana foi a publicação da ata do Copom, reunião em que o Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano. O texto trouxe sinais mais brandos em relação à política monetária, com algumas interpretações de que uma redução de juros pode começar em janeiro ou março de 2026, dependendo do comportamento da economia, especialmente do mercado de trabalho.


