Nesta quinta-feira, 31 de outubro, o dólar teve mais um dia de alta, fechando a R$ 5,7811 – aumento de 0,31% no dia e de 6,13% no acumulado do mês. Esse crescimento foi impulsionado pela expectativa das eleições nos Estados Unidos e pelas incertezas sobre a economia no Brasil.
No mercado internacional, a proximidade das eleições presidenciais americanas deixou investidores mais cautelosos, fazendo com que procurassem ativos mais seguros, como o dólar. No Brasil, a falta de clareza sobre o pacote de cortes de gastos prometido pelo governo de Lula também gerou preocupações. Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, explicou que o momento é de “aversão ao risco” – quando investidores evitam aplicações mais arriscadas, como o real. “A expectativa por medidas de controle de gastos no Brasil deixa o mercado cauteloso”, disse Quartaroli.
Economia brasileira e preocupações fiscais - No Brasil, o governo está estudando cortes de cerca de R$ 25,5 bilhões no orçamento, mas o mercado considera essa quantia insuficiente, já que seria necessário cortar R$ 49,5 bilhões para cumprir as metas fiscais. O governo estuda limitar o aumento dos gastos em saúde e educação e revisar altos salários no setor público.
Para Bruno Nascimento, analista da B&T Câmbio, a alta do dólar reflete essas incertezas sobre as contas do Brasil e a expectativa de cortes menos intensos nos juros dos EUA. Ele destacou também que o cenário internacional, com a economia da China desacelerando e os conflitos no Oriente Médio, está incentivando a procura por dólares. “As eleições americanas aumentam a incerteza, e, junto com as dúvidas econômicas, o dólar continua subindo”, disse Nascimento.
Movimentos no mercado e dados econômicos - A alta do dólar nesta quinta-feira também foi influenciada por fatores técnicos, como a formação da última Ptax (média das cotações) de outubro e o ajuste de contratos futuros de câmbio. Outras moedas também oscilaram: a libra esterlina, por exemplo, caiu 0,60% frente ao dólar devido a preocupações econômicas no Reino Unido. Já o iene japonês teve um leve aumento, após o presidente do Banco do Japão indicar a possibilidade de elevação dos juros no país.
Na sexta-feira, o mercado aguarda a divulgação do relatório de emprego dos EUA (payroll), que pode influenciar o dólar. Esse dado é importante porque ajuda o Banco Central Americano a decidir sobre a taxa de juros nos Estados Unidos, o que impacta moedas do mundo todo.
Com a cautela fiscal no Brasil e as tensões internacionais, os especialistas esperam que o dólar continue em alta, com a moeda americana sendo vista como uma opção segura em meio às incertezas.
