
Após dois dias consecutivos de alta, em que avançou 1,90% e superou a marca de R$ 5,50, o dólar à vista recuou 0,51% nesta quarta-feira, 20, fechando a R$ 5,4729. Segundo operadores, a queda da moeda no exterior, impulsionada por apostas em cortes de juros nos Estados Unidos, abriu espaço para ajustes e realização de lucros no mercado local.

Embora as tensões envolvendo o Judiciário brasileiro e o governo de Donald Trump ainda pesem sobre o câmbio, operadores afirmam que os prêmios de risco já estão amplamente refletidos na taxa de câmbio. O real, que havia se distanciado do piso de R$ 5,40 na semana passada, mostrou-se mais resistente nesta quarta-feira, alinhando-se à valorização das divisas emergentes.
O economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, destaca que, apesar das incertezas internas geradas pela postura do STF e das possíveis sanções dos EUA, o real tem reagido mais aos movimentos globais. "Ontem houve uma correção global do dólar, e hoje o real apenas seguiu a tendência geral de valorização", afirmou Galhardo.
No cenário internacional, a moeda americana foi impactada por uma nova ofensiva do governo Trump contra o Federal Reserve (Fed), enquanto o mercado mantém expectativas de um corte de juros em setembro, com apostas acima de 80%, segundo o CME Group. O enfraquecimento do dólar também foi influenciado pela divulgação da ata do Fed, que mostrou preocupação com o impacto inflacionário das tarifas de Trump.
Apesar das tensões diplomáticas, os investidores minimizaram o alerta do ministro Alexandre de Moraes, que sugeriu que o Brasil poderia punir bancos que bloqueassem ativos em resposta às ordens dos Estados Unidos. A aposta é que a administração Trump recuará, o que aliviaria as incertezas no mercado cambial.
Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, afirmou que o mercado optou por ajustes após o forte movimento de alta do dólar na véspera. "Ainda há muita incerteza em relação às sanções, mas o movimento de hoje reflete uma correção natural", completou.
