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PACOTE FISCAL

Haddad fala em "corte expressivo" e dólar recua; BC entra com leilão para acalmar mercado

Dólar fecha em R$ 5,78 após Haddad anunciar corte expressivo de gastos; leilão do BC ajudou a estabilizar o mercado.

13 novembro 2024 - 17h37
Dólar sobe para US$ 5,73 com atraso em pacote, Trump e China
Dólar sobe para US$ 5,73 com atraso em pacote, Trump e China - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Nesta quarta-feira (13), o dólar subiu, caiu e respirou. Tudo em questão de horas. O dia tinha começado com um cenário de ansiedade: rumores sobre o possível adiamento do pacote fiscal brasileiro e, lá fora, uma valorização mundial do dólar, impulsionada por expectativas de um Federal Reserve menos flexível em 2025. Por volta do meio da tarde, o dólar havia chegado a R$ 5,81, até que uma frase de Fernando Haddad — “corte expressivo” — colocou a engrenagem em marcha ré. O dólar, então, recuou, encerrando a sessão a R$ 5,78.

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A fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era direta e tinha um propósito claro. Ele explicou que o corte nos gastos públicos será “expressivo” e dará seguimento às regras fiscais já conhecidas, aquelas do novo arcabouço que limitam o crescimento das despesas. Foi um afago para o mercado, que há dias vinha ruminando incertezas sobre a agenda fiscal do governo. Segundo Haddad, a meta é buscar a disciplina fiscal sem perder o crescimento econômico de vista — um equilíbrio que, no Brasil, lembra um pouco andar de bicicleta na areia.

Ainda assim, a tensão estava no ar. Desde o início do mês, o dólar já ensaia uma escalada, influenciado pelo fortalecimento global da moeda americana. O índice DXY, que mede o dólar frente a moedas como o euro e o iene, ultrapassou o patamar dos 106,5 pontos, o mais alto em um ano. E a novela do pacote fiscal no Brasil parecia interminável, com adiamentos que deixaram investidores de olhos arregalados.

Foi nesse clima que o Banco Central resolveu agir. De surpresa, o BC anunciou um leilão de linha para venda de dólares com recompra futura — uma operação de US$ 4 bilhões que não ocorria desde dezembro de 2022. Segundo economistas, esses leilões são uma forma de “suprir” o mercado em momentos críticos, especialmente no fim do ano, quando empresas brasileiras têm de enviar seus lucros e dividendos para o exterior.

“No ano passado, a expectativa era mais otimista”, diz Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine. “Este ano, o clima está mais tenso. Não é surpresa que o Banco Central tenha optado por esse tipo de operação para dar uma folga ao mercado.”

A operação parece ter dado algum alívio. No final do dia, Haddad ainda fez questão de reiterar o compromisso do governo com o corte de gastos, destacando que só falta a autorização final do presidente Lula. “Assim que ele autorizar, estamos prontos para divulgar os detalhes”, afirmou o ministro.

Enquanto isso, o BC divulgou que, até 8 de novembro, o fluxo cambial no Brasil foi positivo em US$ 568 milhões, uma boa notícia em meio à volatilidade cambial. O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, lembra que as limitações de linhas de crédito a países emergentes, comuns no fim de ano, são temporárias. “Essas linhas voltam em janeiro, mas o BC suprir o mercado agora é uma medida sensata para evitar problemas maiores”, avalia.

Por enquanto, o mercado aguarda, um pouco mais tranquilo, mas ainda sem tirar os olhos do horizonte. Afinal, com a proximidade do feriado e o dólar oscilando como um pêndulo, qualquer palavra extra pode mudar o curso.

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