
Nesta segunda-feira, 25, o dólar à vista registrou queda, flertando com o rompimento do piso de R$ 5,40, apesar da valorização da moeda americana no exterior. O movimento do real foi impulsionado por uma série de fatores, incluindo o avanço de commodities como minério de ferro e petróleo, a redução das expectativas de inflação revelada pelo Boletim Focus e apostas em possíveis mudanças políticas nas eleições de 2026.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sinalizou publicamente sua disposição de disputar a presidência nas próximas eleições, colocando-se como uma alternativa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tarcísio mencionou a necessidade de discutir um "projeto para o Brasil", destacando a questão fiscal como o principal desafio do país.
A possível candidatura de Tarcísio gerou especulações sobre mudanças na política fiscal a partir de 2027, caso a oposição vença as eleições de 2026. Economistas acreditam que essa perspectiva pode ajudar a reduzir os prêmios de risco embutidos na taxa de câmbio e contribuir para a valorização do real.
Após uma alta pontual no início do pregão, quando o dólar atingiu a máxima de R$ 5,4367, a moeda americana passou o restante do dia em queda. O fechamento foi a R$ 5,4147, uma queda de 0,20%, com perdas acumuladas de 3,32% no mês de agosto. No ano, o dólar recuou 12,39%.
O estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, destacou que a combinação de fatores externos e internos está refletida no comportamento da taxa de câmbio. A expectativa de que o Federal Reserve (Fed) começará a reduzir os juros em setembro, enquanto o Banco Central do Brasil deve adotar um ritmo mais cauteloso, é um dos principais motores da valorização do real. Além disso, o fortalecimento da candidatura de Tarcísio, que vem aglutinando apoio político, também influencia o mercado cambial.
O impacto positivo do Boletim Focus também foi notável, com uma redução nas expectativas de inflação para 2023 (de 4,95% para 4,86%) e 2026 (de 4,40% para 4,33%). Essa diminuição nas projeções inflacionárias reforça a confiança na política monetária do Banco Central e contribui para reduzir a percepção de risco no Brasil.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acredita que a queda nas projeções de inflação é o principal fator que ajudou na valorização do real. Com a mediana das expectativas para o IPCA de 12 e 18 meses já abaixo da meta superior, o mercado começa a ver a ancoragem da inflação como uma realidade.
Enquanto isso, o Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas fortes, operou em alta e superou a marca dos 98 pontos, com a máxima registrada a 98,543 pontos. A movimentação foi impulsionada por um ajuste de posições após o discurso dovish de Jerome Powell, presidente do Fed, no Simpósio de Jackson Hole, além de turbulências políticas na França.
