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Dólar recua com força e fecha a R$ 5,42 com aposta em corte de juros nos EUA

Expectativa de afrouxamento monetário pelo Fed e declarações do governo Lula ajudaram a impulsionar o real, que teve sua maior valorização desde julho

7 agosto 2025 - 18h15Antonio Perez
Dólar recua com força e fecha a R$ 5,42 com aposta em corte de juros nos EUA
Dólar recua com força e fecha a R$ 5,42 com aposta em corte de juros nos EUA - (Foto: Envato Elements)

O dólar encerrou esta quinta-feira (7) em queda firme e atingiu o menor patamar de fechamento em mais de um mês, cotado a R$ 5,4227, com baixa de 0,74%. A mínima do dia chegou a R$ 5,4167. A valorização do real foi puxada principalmente por fatores externos, como o aumento das apostas em cortes de juros nos Estados Unidos, e sinais de moderação nas tensões comerciais entre Brasil e EUA.

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Com a divulgação de dados acima do esperado sobre pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, o mercado intensificou as apostas de que o Federal Reserve poderá cortar os juros já em setembro. Esse movimento fortaleceu as moedas de países emergentes, como o real.

Além disso, o mercado reagiu positivamente às declarações do governo brasileiro indicando que não haverá retaliações contra o aumento de tarifas anunciado por Donald Trump, o que ajudou a acalmar os ânimos entre os dois países e também contribuiu para o bom desempenho da moeda brasileira.

A trégua nas tensões comerciais veio com falas públicas tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ambos deixaram claro que o Brasil não pretende adotar medidas mais duras, como a quebra de patentes de produtos americanos, como forma de retaliação.

“O câmbio respondeu da mesma forma que respondeu à fala de Lula ontem. A percepção é de que a tensão comercial não vai escalar”, disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

A movimentação do câmbio também foi influenciada por mudanças na política monetária dos Estados Unidos. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas globais, perdeu força após Donald Trump anunciar a indicação de Stephen Miran para o Conselho do Federal Reserve. Ele substituirá Adriana Kugler, que deixou o cargo.

Essa nomeação, junto com a especulação de que Christopher Waller seria o favorito para ocupar a presidência do Fed, gerou dúvidas sobre a continuidade do atual ciclo monetário, o que ajudou a pressionar ainda mais o dólar.

Apesar do forte movimento de queda, operadores destacaram que o volume de negociações foi fraco. O contrato futuro de dólar com vencimento em setembro, considerado um termômetro da liquidez, girou menos de US$ 11 bilhões — patamar baixo para o mercado.

A baixa liquidez torna o mercado mais suscetível a variações pontuais, o que pode explicar a volatilidade observada ao longo do dia. No fim da manhã, por exemplo, o dólar chegou a registrar uma leve alta, atingindo a máxima de R$ 5,4762, antes de inverter o movimento e fechar em queda.

Com o resultado de hoje, o dólar à vista acumula queda de 3,14% nos cinco primeiros pregões de agosto, após ter subido 3,07% em julho. Já o DXY recua mais de 1,90% no mesmo período.

Entre as moedas emergentes, o real teve desempenho positivo, ao lado do peso colombiano, que subiu mais de 3%, e do rand sul-africano, com avanço de cerca de 2,60%.

Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, o Brasil segue atrativo para o investidor estrangeiro. "Além do ambiente externo favorável, continuamos atraentes por conta dos juros altos e da bolsa brasileira, que ainda está barata em dólar", comentou.

Os próximos dias devem continuar sendo influenciados pelas expectativas em torno da política monetária nos EUA, especialmente com novos dados econômicos que possam reforçar ou enfraquecer a aposta em corte de juros.

No cenário doméstico, o comportamento do governo brasileiro diante do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos seguirá no radar. Até agora, o tom conciliador tem ajudado a conter a pressão sobre o câmbio.

Combinando fatores externos positivos e um ambiente local mais estável, o real pode continuar ganhando fôlego — desde que o cenário global permaneça favorável.

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