
O dólar comercial encerrou o pregão desta terça-feira (11) em queda de 0,64%, cotado a R$ 5,2732, no menor valor de fechamento desde 6 de junho de 2024, quando a moeda terminou o dia a R$ 5,2508. Foi o quinto recuo consecutivo da divisa americana, acumulando desvalorização de 2,33% nos últimos cinco pregões.
O movimento ocorre em meio a um cenário global de enfraquecimento do dólar, diante de dados fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) possa cortar os juros ainda em dezembro. No Brasil, a perspectiva de manutenção da taxa Selic em 15% até, pelo menos, o início de 2026 torna o país mais atrativo para operações de carry trade, atraindo capital estrangeiro para renda fixa e bolsa.
Com mínima a R$ 5,2642 durante o dia, o dólar já recua 1,99% em novembro, revertendo parte da alta de 1,08% acumulada em outubro. No acumulado do ano, as perdas chegam a 14,68%.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, também caiu nesta terça, encerrando o dia próximo dos 99,400 pontos — o menor nível desde julho. O recuo do índice reflete o enfraquecimento do dólar globalmente e contribui para a valorização de moedas emergentes, como o real.
Segundo dados da ADP, o setor privado norte-americano perdeu, em média, 11.250 vagas nas quatro semanas encerradas em 25 de outubro. A leitura semanal reforçou a percepção de enfraquecimento da economia dos EUA, o que alimenta expectativas de afrouxamento monetário.
“Com a expectativa de encerramento do shutdown nos EUA, o mercado começa a precificar indicadores mais fracos, o que pode levar o Fed a cortar os juros em dezembro”, avalia Ricardo Chiumento, superintendente da Tesouraria do BS2. “No Brasil, o Banco Central não sinalizou cortes no curto prazo, o que mantém o diferencial de juros elevado e o real valorizado.”
Apesar do tom ligeiramente mais ameno da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça, o mercado segue apostando na manutenção da Selic em 15% ao menos até janeiro de 2026. A estratégia do Banco Central busca manter a inflação sob controle, mesmo após a incorporação de mudanças tributárias no cenário, como a reforma do Imposto de Renda.
Na avaliação de analistas, o conteúdo da ata sinaliza uma comunicação mais flexível, que pode abrir espaço para cortes a partir do primeiro trimestre de 2026, mas sem mudanças no curto prazo.
Outro fator que contribuiu para a valorização do real foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu apenas 0,09% em outubro, abaixo da mediana das projeções, que era de 0,14%. Esse foi o menor IPCA para o mês desde 1998, o que reforça a percepção de desaceleração inflacionária.
Com o avanço da desinflação e manutenção de juros elevados no Brasil, analistas projetam novas quedas do dólar. Para o diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, o real deve continuar se apreciando nos próximos meses.
“Além do ambiente externo favorável, o Brasil tem fundamentos sólidos: juros reais altos, bons termos de troca e risco soberano relativamente estável”, afirma Oliveira. “Vejo espaço para o dólar cair até R$ 5,00. No curto prazo, a cotação deve oscilar entre R$ 5,10 e R$ 5,20.”


