
Após três sessões de alta consecutiva, o dólar encerrou o pregão desta quarta-feira (3) em queda, acompanhando o movimento global de desvalorização da moeda americana. Mesmo assim, a cotação seguiu acima de R$ 5,45, refletindo cautela dos investidores diante do cenário político interno e do fluxo cambial negativo.

A queda do dólar ocorreu após a divulgação do relatório Jolts, que apontou abertura de 7,181 milhões de vagas de emprego em julho, abaixo da expectativa de 7,357 milhões. O resultado reforçou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) poderá iniciar cortes de juros já em setembro.
As taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos recuaram mais de 1% e o Dollar Index, que mede a força do dólar frente a seis moedas fortes, caiu 0,20%, para 98,200 pontos.
No Brasil, o dólar chegou à mínima de R$ 5,4345 pela manhã, mas encerrou o dia em R$ 5,4529, queda de 0,40%. Apesar da correção, a moeda acumula alta de 0,57% nos primeiros dias de setembro. No ano, ainda registra recuo de 11,77%.
O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, avalia que o espaço para valorização do real é limitado: “É difícil imaginar o dólar cair ainda mais mesmo com a expectativa de cortes de juros pelo Fed, porque o fluxo tende a ser mais negativo no fim do ano”, afirmou.
O Banco Central informou que o fluxo cambial da semana passada foi negativo em US$ 230 milhões, acumulando saída líquida de US$ 2,063 bilhões em agosto. No ano, o saldo está negativo em US$ 16,904 bilhões.
As declarações de dirigentes do Fed ajudaram a balizar o mercado. Pela manhã, Christopher Waller defendeu cortes de juros ainda neste mês, enquanto Raphael Bostic e Neel Kashkari, presidentes regionais do BC americano, adotaram postura mais cautelosa, alertando para riscos inflacionários.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, explica que os dados do mercado de trabalho reforçam a possibilidade de redução dos juros: “Houve queda mais expressiva do dólar pela manhã, após falas favoráveis a cortes. À tarde, a divulgação do Livro Bege trouxe moderação, mostrando ainda preocupação com a inflação”, disse.
