
O dólar teve uma forte queda no mercado local nesta terça-feira, 12, encerrando a sessão abaixo da marca de R$ 5,40 pela primeira vez em mais de um ano. A moeda norte-americana registrou um recuo de 1,01%, fechando a R$ 5,3870, com mínima de R$ 5,3862. Esse valor representa o menor fechamento desde junho de 2024. Após uma alta de 3,07% em julho, a moeda dos EUA acumula uma desvalorização de 3,82% em agosto e uma queda de 12,83% no ano.

A desvalorização do dólar no Brasil segue a tendência global, marcada pelo enfraquecimento da moeda americana após dados de inflação dos Estados Unidos em julho, que foram mais comportados do que o esperado. A alta de apenas 0,2% no índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA fortaleceu as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar os juros em setembro.
No cenário doméstico, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,26% em julho, abaixo das expectativas de 0,28%. Esse resultado indica que a política monetária do Banco Central, com taxas de juros elevadas, está surtindo efeito, contribuindo para reduzir os riscos percebidos sobre a economia brasileira.
A expectativa é de que, mesmo com a possível redução da taxa Selic a partir de janeiro de 2026, o diferencial entre as taxas de juros internas e externas continue favorecendo o real, sustentando sua valorização. O diretor de pesquisa econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, projeta que o câmbio permaneça entre R$ 5,30 e R$ 5,40 até o final do ano, com o carry trade (estratégia de arbitragem de juros) sendo um dos principais motores dessa tendência.
O Dollar Index (DXY), que mede a performance do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, também refletiu esse enfraquecimento da moeda americana, caindo cerca de 0,40% no final do dia, para perto de 98 pontos. Em agosto, o DXY já acumula uma queda de mais de 1,90%, e em 2024, a desvalorização do índice é superior a 9,50%.
Especialistas do mercado financeiro, como Marcos Weigt, chefe da Tesouraria do Travelex Bank, apontam que a possível redução das taxas de juros pelo Federal Reserve já na próxima reunião fortalece as moedas emergentes, incluindo o real. Além disso, a prorrogação de mais 90 dias para as negociações de tarifas entre os EUA e China também beneficia os ativos de risco.
De acordo com o CME Group, há mais de 90% de chance de um corte de juros pelo Fed em setembro, com uma probabilidade superior a 50% de um corte acumulado de 75 pontos-base até o final de 2024. O CPI de julho nos EUA, embora dentro das expectativas, mostrou uma composição positiva, com o núcleo da inflação registrando uma alta anual de 3,1%, o que reforça a tendência de um cenário favorável para cortes de juros.
A avaliação do Bradesco sobre os dados de inflação aponta que, com números abaixo do esperado, o Federal Reserve deve manter sua postura dovish, com uma tendência crescente de flexibilização monetária.
