
O dólar encerrou 2024 cotado a R$ 6,18, marcando um aumento de 26% em relação ao início do ano, quando a moeda estava em R$ 4,89. Esse desempenho representa a maior valorização anual desde 2020, quando a moeda americana subiu 29%, em meio ao auge da pandemia de Covid-19. O cenário deste ano, embora diferente, carrega semelhanças: instabilidade, incertezas e um mercado financeiro em alerta.

O marco simbólico ocorreu em 29 de novembro, quando o dólar ultrapassou a barreira dos R$ 6 pela primeira vez na história. O estopim foi o anúncio de um pacote de ajuste fiscal pelo governo federal, que gerou dúvidas sobre a eficácia das medidas e suas consequências no equilíbrio das contas públicas.
Por que o dólar subiu tanto em 2024? A valorização do dólar não foi um evento isolado. Alguns fatores contribuíram diretamente para o aumento expressivo:
- Incertezas fiscais no Brasil: A aprovação de medidas fiscais consideradas insuficientes pelo mercado gerou desconfiança sobre a capacidade do governo de conter o aumento da dívida pública.
- Cenário global de juros altos: O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros em níveis elevados durante boa parte do ano, atraindo investidores para ativos considerados mais seguros, como títulos do Tesouro americano.
- Instabilidade política: Ruídos políticos ao longo do ano também afetaram a percepção de risco do Brasil, afastando investimentos estrangeiros.
- Demanda por segurança: Em um mundo marcado por conflitos geopolíticos e temores de recessão global, o dólar continuou a ser um refúgio para investidores.
Comparações históricas - A alta de 26% em 2024 só perde para dois anos críticos na economia brasileira recente:
- 2020: Alta de 29%, marcada pela pandemia.
- 2015: Alta de 44%, no contexto de uma crise econômica e política que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.
O que esperar para 2025? Especialistas acreditam que o comportamento do dólar no próximo ano dependerá de três fatores principais:
- Ajuste fiscal no Brasil: O mercado estará atento à execução das promessas feitas pelo governo em relação ao equilíbrio das contas públicas.
- Política monetária dos EUA: Qualquer sinalização de redução das taxas de juros pelo Fed pode aliviar a pressão sobre moedas emergentes, incluindo o real.
- Estabilidade política: Episódios de turbulência política tendem a afastar investidores estrangeiros e impactar o câmbio.
Economistas mais otimistas projetam uma leve queda para R$ 5,90 ao longo de 2025, enquanto os mais cautelosos acreditam que o dólar pode seguir em níveis acima de R$ 6,20, caso o governo não consiga entregar resultados fiscais concretos.
No final das contas, o dólar continuará refletindo não apenas a saúde financeira do Brasil, mas também o humor global diante de um mundo em constante mudança.
